Rio - O segundo-sargento Marco Aurélio, lotado no 27º BPM (Santa Cruz) encontrou o bebê Kaizo, de 16 dias, em uma praça de Santa Cruz, Zona Oeste do Rio, na noite desta quarta-feira. Ele estava de folga e achou o menino na localidade Largo do Aarão. Ele foi sequestrado por uma adolescente na terça-feira, no Centro de Campo Grande.
"Ouvi muitos boatos no bairro que a criança estava em um lugar com uma mulher, quando desconfiei de um local onde estava uma mulher com um bebê no colo. Tenho um filho de 11 anos, não há preço que pague entregar uma criança para uma mãe". A mulher que estava em companhia da criança está prestando depoimento na 35ª DP (Campo Grande). Ela é parente da autora do sequestro e, segundo contou na delegacia, acreditou que Kaizo seria filho dela.
Quando o bebê chegou à DP, o ajudante de pedreiro Rafael dos Reis, 22 anos, passou mal. O pai da criança fez um apelo mais cedo para que a acusada entregasse seu filho. A mãe de Kaizo, de 17 anos, se mostrou aliviada. "Foram horas difícies. Graças a Deus estou com meu filho nos braços. Isso me serviu de lição para nunca mais deixá-lo com estranhos. Faço um apelo pra quem é mãe: mesmo que falem que seu filho é bonito, não deixe na mão de ninguém, não faça o que eu fiz. Só sei que estou muito feliz", afirmou.
Sequestradoras são mãe e filha
A Polícia Civil identificou a jovem acusada de se passar por uma falsa agente artística e roubar o bebê e a mulher de 36 anos, que estava com a falsa agente e fugiu pelas ruas do bairro com o neném no colo, no Centro de Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, na tarde de terça-feira. As duas são mãe e filha. Leandra Aleluia Leal, de 36 anos, e a filha, de 16, raptaram a criança e estão foragidas.
O marido de Leandra é ouvido na noite desta quarta-feira na delegacia. Segundo ele, a mulher estava grávida. A suspeita é que ela tenha perdido o bebê e tomou a criança da jovem para se passar por filho dela. No depoimento, o marido conta que achou estranho que a mulher deixou o hospital horas depois do parto.
A criança estava na casa da sobrinha do esposo da Leandra, Alexandra de Oliveira Moreno, 18 anos. A sobrinha alegou que a sequestradora pediu para deixar o bebê na casa para comprar leite. "Acredito que ela deixou a criança para se passar por filho dela", declarou Alexandra. Mãe e filha vão responder por sequestro. O pedido de prisão de Leandra e a apreensão da menor já foram pedidos pela polícia.
Policiais da 35ª DP (Campo Grande) já realizaram diligências em busca da menor. Ela não teve o nome divulgado e ainda não foi localizada. A família faz plantão na delegacia a espera das prisões e de informações sobre o paradeiro do recém-nascido.
De acordo com a mãe do pequeno Kaizo, C., 17, a morena de cabelos castanhos a abordou no calçadão de Campo Grande na última quinta-feira, quando ela e a avó do bebê, Kátia Maria Augusto, 48, iriam registrar a criança no cartório, o que acabou não ocorrendo. A suspeita elogiou a beleza da criança e demonstrou interesse que ela levasse o filho para participar de um evento artístico, cuja gravação ocorreria num teatro de Campo Grande, onde receberia R$ 150. Desde então, a suspeita passou a ligar diária e insistentemente para a jovem com o intuito de convencê-la.
Mesmo desaconselhada pela mãe, o padastro e pelo pai do bebê, Rafael Reis Rocha, 20, C., disse que acabou aceitando marcar um encontro com a suposta agente, já que teria que ir ao Centro de Campo Grande com a cunhada na tarde de terça-feira. Na última ligação, a acusada teria feito uma proposta para a atuação do bebê no seriado ‘A Grande Família’, como filho da personagem ‘Bebel’, interpretada pela atriz Guta Stresser. O valor dobraria para R$ 300.
No vídeo acima, uma das sequestradoras (mulher loira que está com o bebê), é seguida pela mãe da criança. Outra suspeita do crime, de roupa preta, também entra no restaurante com elas.
Além do bebê, as suspeitas levaram ainda a Declaração de Nascido Vivo (DNV), fornecida aos pais dos recém-nascidos pelas respectivas maternidades e hospitais, e que deve ser apresentada em cartório para a emissão da Certidão de Nascimento. De acordo com a delegada adjunta da 35ª DP, Lúcia Baptista, a polícia usará todos os recursos legais e operacionais para chegar ao paradeiro das acusadas e para achar o bebê. Ela apela para a urgência na localização da criança e pede a colaboração da população.
"O bebê precisa ser amamentado e cuidado pela mãe. Por isso, temos urgência em localizá-lo. Apelamos para as pessoas que tenham algum tipo de conhecimento do fato e que, de alguma forma ajudaram as suspeitas, mas desconheciam que a criança tenha sido sequestrada, que colaborem com a polícia", apelou Lúcia Baptista.
Por volta das 14h, a mãe do bebê e cunhada se encontraram no Mercado São Braz, no Calçadão de Campo Grande, com a falsa agente e uma mulher loura de 35 anos não identificada, que segundo ela aparentava estar grávida. Após fechar o acordo e aguardar por mais de uma hora por uma suposta Kombi que a levaria ao teatro, a mãe do bebê teve uma tontura. Ela entregou o filho para a mulher e todos pararam em uma lanchonete para descansar. No local, quando assinava o suposto contrato, a acusada iniciou a fuga. As duas desapareceram com a criança fugindo pelas ruas do bairro. Segundo um pedestre, ambas teriam embarcado em um ônibus.
"Não desconfiei, apesar de ter sido alertada por três pessoas da minha família. Não aceitei a proposta pelo dinheiro. Pensei: 'vai que meu filho já começa na vida crescendo como artista'. Aprendi uma grande lição com essa história. Estou arrependida. Quero meu filho de volta", disse a mãe na delegacia durante a madrugada, onde estava de plantão desde às 16h30, quando foi registrar queixa de sequestro.