Por paulo.gomes

Rio - Leandra Aleluia Leal negou em depoimento realizado nesta segunda-feira, na 35ªDP (Campo Grande) que tenha sequestrado o bebê Kayzo, na semana passada, em Campo Grande. A acusada disse que a mãe, Carolaine Augusto de Souza, de 17 anos, lhe ofereceu a criança por não ter condições de criá-la. Porém, o delegado Hilton Pinho Alonso disse que a versão de Leandra é diferente da apresentada pela sua filha, a adolescente de 16 anos que foi apreendida na última quarta-feira. Leandra se apresentou no domingo, ao lado de dois advogados. Ela deve responder por crime de subtração de incapaz.

Leandra Aleluia Leal%2C acusada de sequestrar o bebê Kayzo%2C semana passada%2C em Campo Grande%2C foi apresentado nesta segunda-feira na 35ªDP (Campo Grande)Severino Silva / Agência O Dia

"No seu depoimento, Leandra alega que só teve com a mãe do bebê na terça, momento em que ocorreu o fato e que encontrou com a mãe chorando, alegando que se não desse o bebê a alguém iria abandonar o bebê. Só que tal fato não se coaduna com todos os nossos depoimentos. A própria adolescente infratora que participou do crime deu outra versão, a versão de que a mãe foi para aplicar mesmo o golpe, para subtrair o bebê", diz.

Ao ser questionada sobre o porquê de ter corrido com a criança no colo, já que, segundo ela, a mãe da criança tinha lhe dado o bebê, Leandra preferiu encerrar o assunto: "Eu só falo em juízo". À tarde, a acusada foi transferida para uma unidade prisional feminina no Complexo de Gericinó, em Bangu.

De acordo com o delegado titular, Leandra vai responder por subtração de incapaz (pena máxima de seis anos) e corrupção de menores, por ter coagido a filha de 16 anos a colaborar no sequestro do bebê (pena máxima de quatro anos).

Mãe desabafa e pede pena longa para a sequestradora

‘Que ela pague pelo que fez. Não vou perdoar essa mulher nunca, pois não se tira um filho dos braços da mãe. Que ela pegue 300 anos de cadeia!’. O desabafo foi feito por Carolaine Augusto, logo após receber de volta o filho Kayzo. O bebê foi encontrado na última quarta-feira, numa praça pública de Santa Cruz, cerca de 30 horas após ser sequestrado em Campo Grande.

De acordo Carolaine, Leandra a abordou no calçadão de Campo Grande, no último dia 21, quando ela e a avó do bebê, Kátia Maria Augusto, 48, iriam registrar a criança no cartório, o que acabou não ocorrendo. A suspeita elogiou a beleza da criança e demonstrou interesse que ela levasse o filho para participar de um evento artístico, cuja gravação ocorreria num teatro de Campo Grande, onde receberia R$ 150. Desde então, Leandra passou a ligar diária e insistentemente para a jovem com o intuito de convencê-la.

O bebê Kayzo%2C Carolaine e Rafael%3A lágrimas e desmaio no reencontro Paulo Araújo / Agência O Dia

Mesmo desaconselhada pela mãe, o padastro e pelo pai do bebê, Rafael Reis Rocha, 20, Carolaine, disse que acabou aceitando marcar um encontro com a suposta agente, já que teria que ir ao Centro de Campo Grande com a cunhada na tarde da última terça-feira. A acusada teria feito uma proposta para a atuação do bebê no seriado ‘A Grande Família’, como filho da personagem ‘Bebel’, interpretada pela atriz Guta Stresser. O valor dobraria para R$ 300.

Por volta das 14h, a mãe do bebê e cunhada se encontraram no Mercado São Braz, no Calçadão de Campo Grande, com Leandra e sua filha. Após fechar o acordo e aguardar por mais de uma hora por uma suposta Kombi que a levaria ao teatro, a mãe do bebê teve uma tontura. Ela entregou o filho para a mulher e todos pararam em uma lanchonete para descansar. No local, quando assinava o suposto contrato, a acusada iniciou a fuga. As duas desapareceram com a criança fugindo pelas ruas do bairro. Segundo um pedestre, ambas teriam embarcado em um ônibus.

De acordo como o delegado Hilton Alonso, a família de Leandra é investigada de participação no caso e na facilitação de fuga dela. O segundo-sargento Marco Aurélio, lotado no 27º BPM (Santa Cruz) é uma das pessoas. Ele é marido da prima de Leandra. O PM disse aos jornalistas ter encontrado a criança com uma mulher no Largo do Aarão. De acordo com o delegado, no entanto, durante diligência na casa da mãe de Leandra, em Santa Cruz, na Zona Oeste, ele disse que sabia onde o bebê estava e apresentou a criança pouco depois.

Segundo os policiais, a menor confirmou que estava em Campo Grande no momento do rapto da criança. Ela disse que a mãe estava grávida e havia perdido o bebê a cerca de um mês. Desesperada, Leandra teria tramado o sequestro com medo do fim do relacionamento com o atual marido. Após o crime, a adolescente voltou sozinha para Angra e a mãe ficou no Rio. Ainda segundo os agentes, ela possivelmente estava na casa da mãe em Santa Cruz e teria fugido devido a repercussão do caso na mídia.

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