Por felipe.martins

Rio - Alunos do tradional Colégio Pedro II, em São Cristóvão, Zona Norte do Rio, fizeram um protesto nesta terça-feira a favor de um aluno que foi à aula vestindo saia. Segundo o estudante, que se identifica com a transexualidade, a escola o orientou a não usar mais o traje, em caso contrário não seria possível a permanência no ambiente escolar. Em defesa do colega, um grupo de meninos foi a escola trajando saias. 

"Não me identifico com o gênero masculino. Quando você entra na escola, a primeira coisa que dizem é que te aceitam como você é. Aqui é o lugar onde eu mais me sinto acolhido, por isso me senti à vontade para me vestir como quis", disse o adolescente de 17 anos.  

O menino foi à aula de saia no último dia 23. Ao tomar ciência do caso, ele foi procurado pela direção e pelo setor de orientação pedagógica da escola. Procurado pela reportagem do DIA, o Pedro II nega que o estudante tenha sido proibido de frequentar as aulas usando a vestimenta, mas admite que o orientou a voltar a usar o uniforme padrão para meninos. 

De acordo com o colégio, no sábado, o aluno trocou de uniforme dentro das dependências da escola, substituindo a calça azul marinho pela saia. Ainda segundo o Pedro II, a direção e o Setor de Supervisão e Orientação Pedagógica (Sesop) conversaram com o aluno sobre a necessidade de seguir as regras estipuladas pela instituição sobre o uso do uniforme escolar. Após o diálogo, o aluno teria concordado em realizar a troca da saia pela calça.

Na nota enviada à reportagem, "o Colégio Pedro II reconhece que a adolescência é um período de descobertas e repudia qualquer tipo de intolerância e discriminação".

A advogada e ativista transexual Giowana Cambrone condenou a atitude da tradicional instituição de ensino. "É lamentável que um colégio como o Pedro II tenha adotado uma postura que reprime a liberdade e a autonomia corporal de um aluno. Embora o fato tenha ocorrido nas dependências de um grande colégio, tradicional e referencia em ensino publico de qualidade, que nos chama a atenção,  isso é mais comum que se pensa na rede de ensino, em que pessoas que transgridem os limites de gêneros binários são alijados da educação", argumentou.

"Parece que a atual direção do colégio neste episódio, esqueceu da aula inaugural proferida por Bernardo Pereira de Vasconcelos, que elencando os princípios da nova escola disse que o interesse do colégio consiste na 'felicidade de seus alunos'", completou a advogada.

Reportagem de Felipe Martins, Lucas Gayoso e Paulo Lima

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