Por nicolas.satriano

Rio - O atual prefeito do município de Arraial do Cabo, na Região dos Lagos, Wanderson Brito, foi acusado pela 2ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Cabo Frio de improbidade administrativa e pode perder o cargo e ter os direitos políticos suspensos. 

Segundo informações do Ministério Público do Rio, além do prefeito, o ex-secretário municipal, Romulo Leonardo Plácido, o vereador Taylor da Costa Jasmin Júnior e os médicos do Hospital Geral de Arraial do Cabo Paulo Roberto da Silva, Tania Lydia Matosinho Lowen Pires, Aldo Amendola e Luiz Eduardo Marques Neira participavam de esquema que trocava votos por "cesarianas desnecessárias e por laqueaduras que não eram precedidas das etapas determinadas por lei”.

De acordo com a Promotoria, os crimes eleitorais teriam sido cometidos em 2012, durante a campanha de reeleição do atual prefeito. Wanderson Brito e os outros acusados podem, ainda, ser obrigados a pagar multa fixada em juízo.

Prontuários em branco

Foi a partir da inspeção realizada pelo Grupo de Apoio Técnico (GATE) do MP, em 4 de julho de 2012, que as denúncias começaram a ser apuradas. Durante a investigação, foi constatado que uma paciente foi submetida à cesariana e retornou do centro cirúrgico com o prontuário em branco. O documento reapareceu no fim do dia indicando a realização de cesariana, mas não apontava o procedimento de laqueadura. Ao procurar a família, a equipe do MP confirmou que havia sido feita a ligadura de trompas pelo médico Paulo Roberto da Silva, após pedido do prefeito.

A equipe do MP encontrou outras irregularidades durante a realização de cirurgias de esterilização, que não eram notificadas ao Ministério da Saúde, como enfermeiras realizando atos cirúrgicos, obstetras que faziam partos cesários sem auxílio de pediatra e ausência de receita de medicação pós-operatória. Além disso, foi feito também o procedimento de laqueadura em uma paciente de 17 anos e apenas um filho, e a jovem não recebeu qualquer aconselhamento prévio sobre o uso de contraceptivos.

A promotora titular da 2ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Cabo Frio, Marcela do Amaral, explicou que não foi possível apurar se os médicos que realizavam a laqueadura eram pagos pelas pacientes ou o faziam apenas para garantir o voto das famílias envolvidas.

“A realização de laqueaduras tubárias de forma ilegal revela-se de forma nítida como instrumento de barganha política e de tráfico de influência, pois pacientes encaminhadas pelos médicos dos postos de saúde da região, que se enquadravam nos parâmetros normativos para a cirurgia, tinham seu pedido negado, sob o argumento de que não havia recursos”, afirmou a promotora.

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