Rio - Na Favela da Mineira para inaugurar o novo campo de grama sintética da comunidade, que vai captar energia dos jogadores, Pelé minimizou os atos racistas sofridos pelo goleiro Aranha em jogo do Santos contra o Grêmio. Mancando após cirurgia no quadril, o Rei disse, na tarde desta quarta-feira, que quanto mais se fala no assunto, mais se valoriza a atitude errada. "Na minha época eu cansei de escutar insultos. O ataque do Santos era eu, Durval e Mengalvio. Só o Pepe era branco", disse.
Pelé revelou que quando era chamado de negro, apenas sorria. "Se fosse assim teria de prender quem chama as pessoas de japonês, argentino, estas coisas. É claro que é uma coisa grave,as não se deve valorizar esta coisas. O Daniel, quando jogaram banana nele, foi lá, pegou e comeu. Acabou o assunto", disse, taxativo..
Convidado de honra de uma petroleira, que bancou a reforma do campo da Mineira, Pelé deu boas vindas a Dunga. Ele defendeu a reputação do treinador e disse que ele é capaz de exercer sua influência positiva sobre os atletas. "O comando é importante. O nosso problema é que os jogadores saem muito cedo para o exterior e os nossos clubes pagam salários que não teem condições de pagar". Pelé disse ainda que os 7 a 1 sofridos pela seleção contra a Alemanha nesta Copa doeram mais do que o Maracanazzo. "Foi pior", afirmou.
Muito festejado pelos moradores da favela, Pelé se disse emocionado por cumprir o que acredita ser a sua missão: ajudar as crianças. “Essa é a minha missão. Eu, que tenho este nome em homenagem ao Thomas Edison, que inventou a luz, estou aqui ajudando estas crianças a fazerem parte da História. Afinal, a energia é gerada com eles jogando, e se não sair nenhum craque, que saia um bom inventor”, disse. As 300 crianças que o professor André Rodrigues comandará a partir de hoje agradecem.
Favela tem tecnologia pioneira no país
Com 200 placas sob o gramado sintético, o campo é o primeiro teste, no país, de uma tecnologia em desenvolvimento pela britânica Pavegen, apoiada pela petroleira Shell. Operando em conjunto com painéis fotovoltáicos, o sistema será usado para iluminar a quadra à noite. A tecnologia foi usada pela primeira vez na Olimpíada de Londres e já fornece iluminação a aeroportos, estações de trem e escritórios europeus.
“Estava caminhando por uma estação de trem lotada, há cinco anos, e pensei se seria possível acumular a energia dos passos de todas aquelas pessoas”, contou Laurence Kemball-Cook, engenheiro responsável pelo projeto e presidente da Pavegen. O projeto venceu concorrência para apoio do programa Shell LiveWIRE, de fomento a novos empreendedores.
Atualmente, são quase cinco mil placas instaladas em escritórios, escolas e locais de grande circulação, como o Aeroporto de Heatrow, na Inglaterra, e a estação ferroviária Saint Omer, na França. “Acredito que, em dois anos, teremos preços similares aos revestimentos de painéis solares”, ressaltou Kemball-Cook, sem revelar os custos. No campo da Mineira, as 200 placas atuam em conjunto com um arranjo de painéis fotovoltáicas com potência total de 2 quilowatts/hora (Kwh), para abastecer seis refletores de LED.