Por bferreira

Rio - Apontada pela polícia como a dona da clínica para onde a grávida Jandira Magdalena dos Santos Cruz, 27 anos, teria sido levada, em Campo Grande, Rosemere Aparecida Ferreira foi presa ontem em Mambucaba, em Angra dos Reis, na Costa Verde. Em depoimento à polícia, ela confirmou que a jovem — desaparecida desde o dia 26 — esteve no local e fez um aborto.

Rosemere foi detida em casa de veraneio e levada para a delegaciaJoão Laet / Agência O Dia

Segundo a delegada assistente, Fernanda Fernandes, Rosemere disse que deixou a casa antes de Jandira terminar o procedimento. E confirmou ter recebido R$ 4,5 mil. Segundo o delegado titular, Hilton Pinho Alonso, Rose disse ter recebido telefonema de uma mulher que participava do esquema.

“Ela ligou para a Rosemere, informando que houve uma complicação no procedimento. Rosemere disse que só soube do desaparecimento de Jandira pela imprensa, porque depois disso não falou mais com a foragida”, disse o delegado, ressaltando que a mulher já foi identificada e está sendo procurada. “Rosemere era responsável por negociar os abortos com as grávidas e pagar a quadrilha, que ela chama de equipe”, afirmou Pinho.

A suspeita foi localizada após longo trabalho dos policiais da 35ª DP (Campo Grande). Desde que as investigações começaram, ela mudou de endereço pelo menos cinco vezes, incluindo em Resende. O último esconderijo era a casa de veraneio alugada, onde ficou com o ex-marido, o policial Edilson dos Santos, também preso. Os dois tinham mandado de prisão expedido em fevereiro, relativo a outro processo sobre abortos, levantado em 2013.

Rosemere estava sozinha na casa. Edilson foi localizado em um táxi na Rio-Santos, na altura de Bracuí, em direção ao Rio, conduzido pelo taxista Jadir Santos Messias, que também já havia sido preso anteriormente por participação no esquema de abortos do ex-casal. Ele foi liberado.

Oito mulheres em um só dia

A polícia descobriu que Rose, como era conhecida,fazia contatos com as clientes por telefone. Ela marcava os atendimentos — de seis a oito mulheres — em um único dia da semana. Os procedimentos eram realizados no quarto de uma casa alugada em Campo Grande, pelo qual ela pagava R$ 3 mil por dia de uso. As grávidas eram levadas por uma mulher loura, já identificada, que dirigia o Gol no qual Jandira foi levada.

Segundo informações da polícia, os abortos eram feitos com a ajuda de um médico e todo o material era levado para a clínica a cada dia de atendimento. Ontem, a polícia esteve no local e detectou vestígios de sangue, que serão confrontados com DNA da família de Jandira.

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