Por thiago.antunes

Rio - Um crime na manhã desta segunda-feira chocou os moradores do Complexo da Maré, área ocupada pela Força de Pacificação desde abril. O presidente da Associação dos Moradores do Timbau, Osmar Paiva Camelo, foi executado com sete tiros à queima-roupa na sede da associação. Paiva, conhecido por ser um entusiasta do processo de pacificação, tinha 54 anos, era policial militar aposentado e estava no seu segundo mandato na comunidade.

Há cerca de dois anos, logo após ter se aposentado, desistiu de se mudar para a Região dos Lagos com a mulher e os três filhos, acreditando que as UPPs chegariam à Maré e garantiriam a paz na região. Mal sabia ele que o sonho de ver sua comunidade livre da violência seria brutalmente interrompido por volta das 11h30 de segunda-feira.

Como de costume, Paiva estava na sede da associação atendendo moradores. Pouco antes de ser morto, conversava com uma moradora, única testemunha do crime. Os dois ouviram barulho de uma motocicleta parando no portão. Um jovem usando capacete entrou no local, perguntou quem era o Paiva e, diante da resposta, sacou uma pistola e fez sete disparos que atingiram pescoço, tórax e abdômen da vítima.

Ele ainda chegou a ser socorrido por moradores e levado para o Hospital Geral de Bonsucesso, mas já chegou morto. A testemunha, que assistiu a toda a cena do crime, foi atingida de raspão na panturrilha direita e permanece internada em observação.

De acordo com Charles Gonçalves, presidente da Associação de Moradores da Baixa do Sapateiro, comunidade próxima ao Timbau, Paiva era uma pessoa muito comprometida com os avanços da comunidade da Maré. “Todos estão chocados. Ele era um líder atuante, sempre em busca de melhorias para o local.”

Para Sílvia Ramos, coordenadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania, o crime é mais um sinal de que a lei do terror continua a valer. “O que derruba traficante não é tiro, mas investigação, prisão, apreensão de armas e drogas. Parece que isso não vem acontecendo”, desabafou a coordenadora da entidade.

Polícia Civil e DH investigam crime

Procurada pela reportagem para esclarecer detalhes a respeito do crime  numa das comunidades do Complexo da Maré, a Força de Pacificação, que ocupa as favelas desde abril, enviou uma nota de esclarecimento em que dizia que havia atendido a um chamado envolvendo o presidente da Associação de Moradores do Morro do Timbau e que, ao tomar conhecimento do crime, uma patrulha foi destinada ao local. Em seguida, a Polícia Militar acionou a 21ª Delegacia de Polícia Civil e a Delegacia de Homicídios da capital.

A Força de Pacificação deve permanecer no Complexo da Maré até o dia 31 de outubro, conforme decreto assinado pela presidenta Dilma Rousseff no início de agosto. Atualmente, 2.400 militares do Exército atuam na Maré, onde vivem, hoje, 130 mil pessoas em 16 comunidades que se estendem entre a Avenida Brasil e a Linha Vermelha, duas das mais importantes vias de acesso à cidade.

Reportagem de Márcio Allemand

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