Rio - O depoimento de mais uma suspeita de participar de esquema de clínica de aborto em Campo Grande reforçou as suspeitas da polícia de que a auxiliar administrativa Jandira Magdalena dos Santos está morta. Apontada como a motorista que levava gestantes até a casa para fazer o procedimento, Vanuza Vais Baldacine se entregou na 35ª DP (Campo Grande) e disse aos investigadores que Jandira morreu na clínica. A jovem de 27 anos estava com quase quatro meses de gravidez e sumiu dia 26, após sair para um aborto.
Vanuza era considerada foragida e tinha mandado de prisão temporária expedido, mas resolveu se apresentar à polícia, segunda-feira à noite. Segundo os agentes, ela começava a detalhar as informações sobre o destino de Jandira, quando decidiu se manter em silêncio. A acusada confirmou que apenas conduzia as clientes até a técnica de enfermagem Rosemere Aparecida Ferreira, também presa e acusada de comandar a clínica de aborto. Ainda segundo a polícia, Vanuza disse não saber o paradeiro do corpo de Jandira.
Semana passada, a mãe da grávida, Maria Magdalena dos Santos, forneceu material genético para a realização de exame de DNA. A polícia quer confrontar os traços biológicos dela com os de um corpo carbonizado e sem membros de uma mulher, encontrado dia 27 em Guaratiba. As investigações apontam que o carro onde estava o cadáver tinha as mesmas características do Gol em que Vanuza conduzia as clientes para o procedimento.
Além de Rosemere e Vanuza, também estão presos Marcelo Eduardo Medeiros e Mônica Gomes Teixeira. Ele era o dono da casa onde os abortos eram feitos e alugava um quarto do imóvel para Rosemere uma vez por semana, por R$ 3 mil. Mônica, mulher de Marcelo, era recepcionista da clínica. O falso médico Carlos Augusto Graça de Oliveira, também investigado, continua foragido. Ele teria atendido Jandira, e, em 2011, foi preso por exercício ilegal da profissão em uma clínica de aborto em Olaria.
Ex reconhece Vanuza
No fim da tarde desta terça, Leandro Brito Reis, ex-marido de Jandira, esteve na 35ª DP e reconheceu Vanuza, por meio de fotos e pessoalmente, como a mulher que dirigia o carro em que a grávida foi levada até a clínica de aborto. Leandro, que estaria tentando reatar o relacionamento com a jovem, foi o último a vê-la antes do sumiço. À polícia, ele confirmou que Vanuza estava no Gol branco que buscou Jandira e outras duas gestantes, próximo à rodoviária de Campo Grande, ponto de encontro de onde saíram para ir à clínica de aborto.