Por thiago.antunes

Rio - O que tem em comum nomes como Chiquinha Gonzaga, Rui Barbosa, Lima Barreto e Getúlio Vargas? Todos eram clientes da Confeitaria Colombo, a mais tradicional do Rio de Janeiro, na Rua Gonçalves Dias, e que ontem completou 120 anos com festa e vitalidade.

GALERIA: Confeitaria Colombo faz 120 anos

As comemorações de uma das mais queridas casas comerciais cariocas começaram cedo, com bênção do diácono Cosme, da Igreja Cristo Redentor, seguida de bolo, espumante e, claro, “Parabéns pra Você”. A festa durou todo o dia e contou com lançamento de produtos como canecas, xícaras e bolsas estampadas com imagens da casa, homenagem a funcionários antigos e o relançamento do livro “Confeitaria Colombo – Sabores de uma Cidade”, com o registro de memórias, documentos, belas fotografias e receitas inesquecíveis, entre elas, clássicos como a coxa creme, a empadinha de galinha e o mil-folhas.

Tomar um simples chá na Colombo é voltar ao passado. Baixelas de prata portuguesa, louças da Cia Vista Alegre, fotos e embalagens de produtos comercializados pela confeitaria no século passado são apenas alguns itens do que pode ser encontrado por lá.

Integrantes do Cordão da Bola Preta animaram, ontem, o brinde dos 120 anos da Confeitaria Colombo, no Centro: sábado tem feijoadaMaíra Coelho / Agência O Dia

Fundada em 1894 pelos portugueses José Manuel Lebrão e Joaquim Meirelles, a confeitaria foi transformada em Patrimônio Cultural em 1983 e é símbolo da belle époque da cidade. Em seus salões, que já receberam visitantes ilustres como o rei Alberto da Bélgica, em 1920, e a rainha Elizabeth da Inglaterra, em 1968, chamam atenção os espelhos belgas e o belíssimo mobiliário de jacarandá. Tudo tão bem conservado que parece novo.

“A Colombo é um marco para a cidade e chega aos 120 anos com disposição e o desafio de refletir o sentimento do nosso cliente”, revela Davi Mattos, gerente do local há 11 anos. Mattos diz que a casa está inovando em termos de equipamentos e maquinário, mas que no cardápio nada muda. “O que vale é a tradição”, diz. No sábado, como parte das comemorações, a casa vai oferecer uma releitura da primeira feijoada servida ali, em 1923.

Garçom de 74 anos tem 60 de casa

Orlando Duque tem 74 anos. Há 60 trabalha na Confeitaria Colombo. É o funcionário mais antigo. Começou ainda menino, com 14 anos, ajudando na copa, com um olho na louça e outro no salão, sonhando com o dia em que iria empunhar as bandejas. Não demorou muito e lá estava ele, servindo personagens importantes da nossa História, como Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e Tancredo Neves. Foi lá também que ele conheceu sua esposa, dona Marli, fã dos quitutes da casa. Casaram-se no dia 18 de setembro de 1965, há exatos 49 anos. Um casamento de uma vida inteira, assim como o dele com a Colombo.

Reportagem de Márcio Allemand

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