Rio - Um dia após ter sofrido bloqueio de suas contas por determinação da Justiça Federal até o valor de R$ 1,5 bilhão e de virar réu em processo que investiga sua participação em manipulação do mercado com uso de informações privilegiadas, Eike Batista, ex-bilionário e sétimo homem mais rico do mundo, vem a público reconhecer a ruína de seu império. Em entrevista à ‘Folha de S. Paulo’, Eike afirma que voltar à classe média é um baque gigantesco para toda a família.
O empresário adiantou ainda que o seu patrimônio, estimado em US$ 30 bilhões em 2012, foi reduzido a US$ 1 bilhão negativo. Isso, segundo suas contas, no caso de vender todas as ações das empresas onde ainda é controlador, a Ogpar, OSX e a MMX. “Nasci como um jovem de classe média e você voltar para isso é um negócio para mim, sabe, é óbvio que é um baque gigantesco na família", disse à ‘Folha’.
Segundo investigação do Ministério Público Federal, a manipulação de mercado teria ocorrido em 2010, quando Eike teria simulado a injeção de até US$ 1 bilhão na OGX, por meio de compra de ações da empresa. O empresário nega a acusação. “As ações não eram minhas. Eram de credores e eram para pagar dívida com eles”, disse.
O MPF pediu ainda o bloqueio dos bens do empresário numa lista que inclui até os imóveis doados aos filhos Thor e Olin — uma mansão no Jardim Botânico e uma propriedade em Angra dos Reis, avaliadas em R$ 20 milhões — e o apartamento de R$ 5 milhões em Ipanema, doado à mulher, Flávia Sampaio. Se condenado, Eike pode pegar até 13 anos de prisão. Mas se servir como consolo ao ex-bilionário, segundo o advogado Leonardo Theon de Moraes, o processo criminal pode se arrastar por mais de 10 anos até que ele seja levado a julgamento.