Rio - Em um ano e meio, três veículos caíram do mesmo lugar do viaduto Brigadeiro Trompowski, na Avenida Brasil. A tragédia anunciada ganhou mais um capítulo ontem, com a queda de um carro, quando o motorista Renato da Silva, de 42 anos, com extensa ficha de infrações no trânsito, ficou ferido. Um mês antes de ser nomeado pelo secretário-chefe da Casa Civil Leonardo Espíndola, em junho deste ano, para exercer um cargo em comissão, o motorista Renato foi exonerado pela Secretaria Estadual de Assistência Social.
O motivo do desligamento foi o excesso de multas e a imprudência do funcionário ao volante. A última vistoria do veículo de placa LLG 5526 foi feita em 2011. A Casa Civil informou que o contrato de Renato com a subsecretaria Militar se encerra após as eleições.
O órgão disse que abriu procedimento administrativo para apurar as causas do acidente. De acordo com a Casa Civil, serão adotadas todas as medidas no sentido de ressarcir o Estado, caso venha a ser comprovada a culpa do motorista.
Crea-RJ alertou sobre fragilidade de estrutura
A fragilidade no gradil e a necessidade de uma barreira de concreto ao longo da via já foram alertadas pelo Crea-RJ, desde o acidente com um ônibus que deixou nove mortos e sete feridos em 2013.De acordo com o engenheiro e especialista em pontes e grandes estruturas, Antônio Eulálio Pedrosa, a implantação do guarda-roda, como é chamada a barreira de concreto, deve ter 80 centímetros de altura com resistência de 10 toneladas. “Se a barreira já tivesse sido construída naquela época, esse acidente certamente não aconteceria”, avaliou o engenheiro, que sugere a implantação de fiscalização eletrônica no viaduto até o início das obras. “É preciso limitar a velocidade. A prefeitura precisa tomar uma atitude rápida para evitar novas quedas”, recomendou.
Em nota, a Secretaria municipal de Obras explicou que o estudo para colocação da barreira já vinha sendo realizado desde o acidente com o ônibus da linha 328 (Castelo-Bananal), da empresa Paranapuan. O projeto, no entanto, não tem cronograma, pois ainda está em fase de orçamento para dar início à licitação. Ontem, técnicos da prefeitura estiveram no local para uma vistoria. A Coordenadoria Geral de Projetos da Secretaria de Obras informou que a grade avariada, após a queda do carro, não oferece risco aos usuários. Os 17 metros de guarda-corpo danificado serão substituídos.
Para o vice-presidente do Crea, Manoel Lapa, a queda de veículos no mesmo lugar do viaduto revela uma outra fragilidade da construção: a falta de sobre-elevação da via. “Quando um viaduto ou ponte tem uma curva, parte da pista tem que ser mais alta para trazer a força do veículo para o centro. No Trompowski, isso não é visto”, relatou Lapa. Em agosto deste ano, uma carroceria que levava banheiros químicos também despencou da ponte.
O pedreiro Helden Evangelista, 53, que mora em frente ao viaduto, afirma que a maioria dos veículos anda em alta velocidade na via. “A estrutura do viaduto é muito precária, mas os motoristas também são imprudentes”, contou Helden. Ontem, ele e outros vizinhos ajudaram no socorro de Renato da Silva, que despencou.
“Foi um barulho forte e tinha muita fumaça. Ainda bem que no momento da queda, a Avenida Brasil não estava engarrafada, pois o acidente poderia ter sido maior”, apontou o pedreiro. Renato segue internado no Hospital Getúlio Vargas. O estado de saúde dele é estável.
Mergulhão da Barra: Recuperação de painel quebrado em queda de ônibus
A Secretaria Municipal de Conservação vai recuperar a partir de hoje, o painel interno do mergulhão Billy Blanco, na Barra, que foi danificado após a queda de um ônibus no sábado. O acidente deixou 30 feridos, entre eles o motorista Élder Deniz de Oliveira, da linha 863 (Barrashopping - Rio das Pedras). Élder ainda está internado no Hospital Municipal Miguel Couto, na Gávea, e seu estado de saúde é estável. A direção da unidade informou que ainda não há previsão de alta médica para o condutor.
O acidente ocorreu na noite de sábado, quando o motorista do 863 perdeu o controle da direção e caiu sobre o ônibus da linha 888-A (Alvorada - Joatinga), que passava no mergulhão. A 16ª DP (Barra) solicitou ontem ao consórcio do BRT, as imagens dos dois veículos.
Em nota, a Secretaria de Obras informou que o mergulhão segue todos os parâmetros de segurança, afastando qualquer hipótese sobre possível falha de projeto que pudesse ter provocado a queda.
