Por felipe.martins

Rio - Um duelo feroz entre Luiz Fernando Pezão (PMDB) e Anthony Garotinho (PR) marcou o debate entre os candidatos a governador realizado nesta segunda-feira pela manhã, na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Marcelo Crivella (PRB), Lindberg Farias (PT) e Tarcísio Motta (Psol) também participaram do encontro.

De olho no segundo turno%2C Garotinho e Pezão travaram duelo verbal%2C com troca de acusações%2C durante debate ontem promovido pela OABInácio Teixeira / Divulgação

O momento mais tenso do debate ocorreu no segundo bloco, logo após Crivella e Lindberg acusarem a campanha de Pezão de apelar para o baixo nível na tentativa de difamar os candidatos adversários que tentam evitar sua reeleição. Garotinho aproveitou a deixa e disparou:
“Não tenho a menor dúvida que o que foi feito contra Lindbergh e contra você (Crivella) foi do PMDB. Posso ter nomeado uma pessoa errada, ter feito uma política errada, agora ladrão eu não sou não. Tem gente aqui na mesa que é”, disse Garotinho, numa clara referência a Pezão.

O governador tentou dar o troco no seu ex-aliado quando o assunto virou Segurança Pública. “O senhor teve oito anos para combater a criminalidade, mas os índices só aumentaram”, disse Pezão. Garotinho rebateu em sequência: “Eu tive, não. Nós tivemos. Você fazia parte do meu governo. O batalhão social está no programa que você ajudou a construir.”

No debate%2C Tarcísio Motta disse esperar que “o PT não loteie cargos”Inácio Teixeira / Divulgação

A sequência de acusações entre os candidatos prosseguiu quente: “batalhão social deve ser igual ao Batalhão da Maré: virado as costas para a Maré. Não participei da sua elaboração de programa de governo. Tenho orgulho da minha trajetória. Você fez com que as empresas fossem embora do Estado do Rio de Janeiro. Perdemos a capacidade de sonhar. Seu governo teve o maior índice de criminalidade”, atacou Pezão.

O ex-governador Garotinho contra-atacou com artilharia pesada contra o governador. “Pezão, além de traidor, tem amnésia. Comperj, Peugeot-Citroën, polo de gás químico em Duque de Caxias... isso foi tudo no meu governo. Pelo menos tenha a dignidade, um sujeito pode flexibilizar suas alianças, mas esquecer o seu passado é muito feio para você”, disse Anthony Garotinho, irritado.

Os problemas na segurança pública também foram atacados pelos demais candidatos. Lindberg Farias disse haver uma política de extermínio contra moradores de comunidades e defendeu a desmilitarização da PM. “A juventude está morrendo nas mãos de uma polícia truculenta, despreparada”, disse o candidato petista, que contou com a concordância de Tarcísio Motta, o candidato do Psol.

Garotinho também aproveitou para dar mais uma alfinetada no governo: “criaram um modelo novo: de exportar os bandidos. Manda para Niterói e para a Baixada. Nós pretendemos prender os bandidos”, disse.

EX-ALIADOS AGORA QUEREM MUDANÇA

Aliados do atual governo nos últimos anos, os candidatos Marcelo Crivella e Lindberg Farias tentaram convencer o eleitor de que são representantes da mudança do modelo político atual. Lindberg Farias chamou Pezão de fantoche do ex-governador Sérgio Cabral. Crivella, Tarcísio e Garotinho bateram também na mesma tecla.

“Garotinho, você tem que sentar no divã e debater essa questão sobre o Cabral. Estou aqui debatendo o futuro do Rio de Janeiro e você só fica falando do Cabral”, ironizou Pezão.Crivella, com a palavra, arrancou gargalhadas da plateia ao entrar no tema: “Essa questão do divã é engraçada. Era a dupla Cabritinho (Cabral e Garotinho). Agora é Cabrão (Cabral e Pezão). Mas a turma continua a mesma. Nós realmente precisamos mudar”, disse Crivella, que em 2012 esteve no mesmo palanque de Pezão, Cabral e Lindberg pedindo votos para o prefeito Eduardo Paes.

Para Lindberg%2C há uma política de extermínio contra moradores de favelasInácio Teixeira / Divulgação

Confortável no tema, uma vez que nunca participou de qualquer um dos governos, o candidato do Psol, Tarcísio Motta, cobrou uma posição firme do PT de Lindberg Farias, que discursa contra o PMDB de Luiz Fernando Pezão, mas segue aliado do partido tanto na prefeitura do Rio, com Eduardo Paes, como no governo federal.

“É necessário que vocês rompam a aliança com o PMDB” disse Tarcísio Motta.

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