Por paulo.gomes

Rio - A cúpula da Polícia Militar falou publicamente pela primeira vez nesta sexta-feira sobre a crise que enfrenta a corporação após a prisão de oficiais envolvidos com esquema de propinas. O comandante-geral da corporação, coronel José Luís Castro Menezes, o chefe do Estado-Maior Geral Operacional, coronel Paulo Henrique Azevedo de Moraes, e o chefe do Estado-Maior Geral Administrativo, coronel Ricardo Coutinho Pacheco, disseram que estão apoiando a investigação do Ministério Público em que apura a denúncia de que todos os batalhões pagavam R$ 15 mil resultado de propinas ao Estado-Maior.

"É uma traição ao comando da corporação e também à sociedade. Nós sempre procuramos tomar um cuidado extremo na escolha de todos os comandantes. Esses nomes sempre passaram pelo crivo de inteligência e, diante do nada a opor, esses oficiais eram nomeados", disse o cel. José Luís Castro Menezes, durante entrevista coletiva no Quartel-General da PM, no Centro.

Coronel José Luís Castro Menezes%2C comandante-geral da PM%2C negou mais uma vez nesta sexta-feira que pretende deixar o cargo após denúncia de propina no Estado-MaiorSeverino Silva / Agência O Dia

No entanto, o comandante-geral fez uma mea culpa. Ele admitiu que houve um erro na nomeação do capitão Walter Colchone Netto em reassumir seu cargo no Comando de Operações Especiais (COE) após ele ter sido preso no ano passado, acusado de envolvimento com a máfia de caça-niqueis. "Falhou a nossa corregedoria, falhou a nossa Diretoria Geral de Pessoal. E posso dizer também que eu, como conhecedor do fato, também falhei, o Estado-Maior falhou. Houve uma falha administrativa em não identificar que o capitão Colchone tinha sido solto e daí em diante a necessidade de publicar num boletim a movimentação dele para a Diretoria Geral de Pessoal".

Os oficiais se defenderam afirmando que o período do recebimento da propina por parte do alto escalão da corporação, revelada por um PM preso durante a Operação Amigos S/A, aconteceu antes da administração deles.

"Houve o vínculo com a atual administração, como se nós tivéssemos responsável pela arrecadação. No ano de 2010 eu era comando do Batalhão de Angra dos Reis e nunca meu comandante intermediário, o chefe do estado maior ou o comandante geral pediram ou insinuaram que para eu continuar no comando do batalhão eu tivesse que contribuir com R$ 15 mil”, afirmou Menezes.

Todos garantiram na entrevista coletiva que não deixarão seus cargos. O coronel Paulo Henrique afirmou que a lista dos bens deles já foi entregue ao MP. "Autorizamos que todos os nossos dados, sejam eles bancários, patrimoniais, de telefone estão autorizados de fazer uso. Isso demonstra a nossa total tranquilidade. Nós estamos aqui para reafirmar a nossa crença nas investigações que estão sendo realizadas, porque pra nós é uma questão de honra que se demonstre claramente a nossa lisura e o nosso comprometimento com a causa pública", afirmou.

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