Rio - A família de Marcus Vinícius Soares Heleno, de 17 anos, morto na tarde de sábado durante uma troca de tiros no Complexo do Alemão, na Zona Norte, está indignada com a informação divulgada pela polícia de que o rapaz seria suspeito de envolvimento com o crime. A mãe da vítima, Adriana Soares, 34 anos, esteve neste domingo no Instituto Médico Legal. Muito emocionada, as únicas palavras que conseguiu pronunciar foram: "Eu só queria meu filho aqui comigo".
Segundo parentes e amigos, o jovem estava ajudando a transportar a mudança de uma moradora da comunidade quando foi alvejado por uma bala perdida em um beco próximo à Praça do Terço, na Nova Brasília. Policiais que estavam no local alegaram que o menor portava uma pistola de fabricação tcheca, calibre 9mm.
"Algumas pessoas na comunidade disseram que viram um policial colocando a arma lá para dizer que ele era bandido. Uma moradora que presenciou o fato relatou ainda que viu um policial atirar no Marquinhos depois que ele foi atingido no testículo pela bala perdida", denunciou um amigo da família, que pediu para não ser identificado.
Uma prima do adolescente, que também pediu o anonimato, reclamou que o Samu demorou quase uma hora para chegar. Ela estava trabalhando próximo ao local do tiroteio quando soube que Marcus Vinícius tinha sido baleado. "Ele estava vivo. Ficou por muito tempo gritando meu nome, suplicando por ajuda, e os policiais disseram que tinham que esperar o Samu chegar. Meu primo estava muito ferido, perdendo muito sangue. Quando o socorro chegou, ele já estava inconsciente", relatou.
Através de uma nota oficial, o Corpo de Bombeiros explicou como aconteceu o socorro de Marcus Vinícius: "A solicitação de socorro ocorreu às 13 horas e 41 minutos através de uma ligação que durou aproximadamente 3 minutos. Às 13 horas e 50 minutos uma ambulância foi acionada para o local. O adolescente foi encontrado com perfurações feitas por arma de fogo e conduzido para o UPA do Alemão."
Marcus Vinícius será enterrado nesta segunda, às 12h, no Cemitério de Inhaúma. Segundo a polícia, ele foi socorrido com vida pelo Samu e levado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Alemão. De lá, foi transferido para o Hospital Getúlio Vargas, na Penha, mas não resistiu aos ferimentos.
O caso foi registrado na 22ª DP (Penha). Segundo a assessoria da Polícia Civil, os policiais militares envolvidos na ação foram ouvidos na delegacia. O delegado aguarda o resultado da perícia das armas dos policiais, que foram apreendidas, e da pistola calibre 9mm.
Jovem sonhava ingressar na carreira militar
Quem conhecia Marcus Vinícius o descreve como um rapaz de bem. Ele cursava o segundo ano do ensino médio e, segundo a família, estava contando os dias para começar a servir o quartel quando completasse 18 anos. Nos fins de semana, o adolescente trabalhava ajudando o avô na feira da comunidade. Nas horas vagas, gostava de jogar futebol e de se reunir com os amigos do grupo de dança Art Dance.
