Por thiago.antunes

Rio - Agentes da Subsecretaria de Inteligência (SSINTE) da Secretaria de Segurança com o apoio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público prenderam, na tarde segunda-feira, o capitão Diego Soares Peixoto, atualmente lotado no 3º BPM (Méier), e o sargento Romildo Rodrigues Silva, do Comando de Operações Especiais (COE). Em um desdobramento da Operação Amigos S.A, foi identificada a participação desses dois policiais militares na quadrilha investigada por receber e entregar propina para o alto escalão da Polícia Militar.  

O capitão Diego Soares Peixoto (de farda) foi preso no BPM do Méier Divulgação

Os dois policiais eram lotados, na época da investigação, no 14º BPM (Bangu) e agiam com os demais denunciados e presos, capturados último dia 15. O capitão Diego e o sargento Romildo foram acusados que receber pagamento de mototaxistas, empresas (principalmente transportadoras de pessoas e cargas), instituições financeiras e ambulantes no bairro de Bangu e adjacências, na Zona Oeste.

De acordo com a denúncia, o sargento Romildo fazia parte da ronda bancária e tinha como principal função arrecadar semanalmente propina de instituições bancárias de Bangu, que variavam de R$ 50 a R$ 360. Por ser primo do ex-comandante de Operações Especiais, coronel Alexandre Fontenelle, o sargento acompanhou o oficial nas unidades em que ele atuou (os batalhões de Itaguaí, Irajá, Bangu e o Comando de Operações Especiais).

Coronel Alexandre Fontenelle Ribeiro de Oliveira (cabeça raspada)%2C comandante do COE%2C foi preso em sua casa%2C no Leme%2C Zona SulDivulgação / Vivian Fernandez / MPRJ

O sargento guardava tamanha relação de confiança com Fontenelle, que entregou a arma que o oficial usava aos policiais da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), no momento da prisão do ex-comandante do COE.

Já o capitão Diego Soares Peixoto comandava a 1ª Companhia do 14°BPM, responsável pela coordenação das equipes de policiamento ostensivo e ronda bancária. Segundo as investigações, o capitão arrecadava por semana no mínimo R$ 150 de cada equipe e repassava para o Estado-Maior do 14° BPM. O dinheiro era pago por mototaxistas, motoristas de transporte alternativo, transportadores de cargas, tráfico de drogas e agências bancárias.

Na casa do major Edson Alexandre Pinto de Góes foram apreendidos documentos%2C joias e R%24 287 milDivulgação / Secretaria de Segurança

O depoimento de um policial militar colaborador da Justiça foi fundamental para confirmar as investigações realizadas pela Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública e pelo GAECO, desencadeando na nova denúncia. Ele é um dos acusados e foi solto após ser beneficiado com delação premiada

Governador:  'Não é baseado em uma só denúncia que vou tirar comandante da PM

O governador do estado e candidato à reeleição, Luiz Fernando Pezão, comentou no último sábado a respeito da permanência do comando da Polícia Militar após as denúncias direcionadas a cúpula da corporação. Na sexta-feira, o comandante-geral da PM, coronel José Luís Castro Menezes, e os chefes do Estado-Maior Operacional e Administrativo, coronéis Paulo Henrique Moraes e Ricardo Pacheco, respectivamente, falaram sobre a denúncia de que o alto escalão da PM recebia propina de todos os batalhões.

"Dou muito direito às pessoas em todas as áreas, principalmente ao servidor público, de se defender", afirmou Pezão. "Uma delação premiada de um policial que cometeu ilícito e que está preso tem que ser analisada com muita cautela", completou. Segundo Pezão, todos têm a chance de provar sua inocência. "Não é baseado em uma só denúncia que vou tirar um comandante da PM com 33 anos de serviços prestados. Então, vou dar até o último minuto de defesa para todos", disse.

Relembre o caso

A Operação Amigos S.A. foi deflagrada no dia 15 de setembro. Foram presos 24 policiais militares do 14° BPM, dentre eles, seis oficiais que integraram o Estado-Maior do batalhão. Um mototaxista que fazia parte do esquema de arrecadação de propina também foi preso.

Os 27 denunciados responderão pelo crime de associação criminosa armada. A pena é de dois a seis anos de reclusão. Já os policiais militares também poderão ser obrigados a pagar indenização por danos morais à Polícia Militar, pelo dano causado à imagem da corporação. Eles ainda serão responsabilizados pelos diversos crimes de extorsão cometida por servidor público, que serão apurados pela Auditoria de Justiça Militar estadual.

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