Por thiago.antunes

Rio - A série de reportagens publicadas pelo DIA a partir de março sobre o coronel Paulo Malhães, que atuou como torturador durante o regime militar brasileiro, recebeu menção honrosa no 36º Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos. Os resultados das nove categorias foram anunciados nesta terça-feira, em São Paulo. As matérias são de autoria da repórter Juliana Dal Piva.

Ex-coronel Paulo Malhães%2C que em março confessou ter sumido com o corpo do Rubens Paiva na época da ditadura%2C foi morto em casaJosé Pedro Monteiro / Agência O Dia

A série ‘As confissões do coronel Malhães’ revelou os bastidores da tortura durante o regime militar. Em uma das reportagens, o coronel confirmou participação na operação feita para desenterrar os ossos do deputado federal cassado Rubens Paiva, desaparecido em 1971. O parlamentar sumiu depois de passar por tortura em quartéis militares e seu corpo não apareceu até hoje.

Coronel revela como sumiu com corpo de Rubens Paiva

Em confissão histórica, Malhães disse ter recebido a a missão para “resolver o problema, que não seria enterrar de novo”'. E continuou: “Procuramos até que se achou, levou algum tempo. Foi um sufoco para achar (o cadáver). Aí, seguiu o destino normal.” Além disso, a série mostrou o depoimento em que ele confessou ter decepado os dedos e retirado arcadas dentárias dos cadáveres que ocultou na Casa da Morte, de Petrópolis.

Um mês depois, O DIA cobriu o assassinato de Malhães, ocorrido em sua casa, em Nova Iguaçu.

Paulo Malhães foi rendido com suas armas

Logo após a morte do marido, em entrevista exclusiva, a viúva contou que o coronel havia mentido à Comissão Nacional da Verdade, quando negou a participação na operação que ocultou para sempre os restos de Rubens Paiva. Ela disse, ainda, que o corpo foi jogado em um rio.

Corpo de Rubens Paiva foi jogado em rio, diz viúva

Rubens Paiva era deputado pelo Rio. Ele foi preso em 1971%2C torturado e morto. Seu corpo nunca foi achadoReprodução

A série recebeu menção honrosa na categoria ‘Jornal’, ao lado da matéria ‘Mapa da Ditadura em Brasília’, de Ana Pompeu, do Correio Brasiliense. O prêmio principal foi para a reportagem ‘Sangue Político’, de Leonêncio Nossa, do jornal O Estado de S. Paulo. 

TRF reconhece que Lei de Anistia não abrange crimes contra a humanidade

O prêmio é organizado pelo Instituto Vladirmir Herzog, Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, Federação Nacional dos Jornalistas e Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, entre outras entidades. A cerimônia de premiação será realizada no dia 29 de outubro, em São Paulo.

Você pode gostar