Por paloma.savedra

Rio - O subsecretário de Inteligência da secretaria de Segurança Pública, Fábio Galvão, afirmou nesta quinta-feira que bandidos da Coreia e do Dendê, na Ilha do Governador, Zona Norte do Rio, pagavam mensalidades à cúpula do 17º BPM (Ilha do Governador) para que o tráfico agisse livremente na região. Segundo Galvão, o pagamento garantia a circulação do transporte clandestino no bairro, além da venda de drogas.

GALERIA: Dezesseis policiais do 17ºBPM (Ilha do Governador) são presos

A declaração foi feita durante coletiva de imprensa, realizada nesta manhã, após a prisão dos 16 policiais militares do 17º BPM (Ilha do Governador), entre eles o comandante Dayzer Corpas Maciel, envolvidos em esquema de extorsão a traficantes da Ilha do Governador. Eles também são acusados de sequestrar e exigir R$ 300 mil para libertar bandidos do Morro do Dendê. Todos tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça e serão afastados de suas funções por ordem judicial.

Dezesseis policiais militares do 17ºBPM (Ilha do Governador) foram presos nesta quinta-feira na Operação Ave de RapinaSeverino Silva / Agência O Dia

Segundo as investigações da polícia, o inquérito aponta ainda que os policiais mantinham relações com diversos traficantes, entre eles Fernando Gomes de Freitas, conhecido como Fernandinho Guarabu, considerado o chefe do tráfico no Complexo do Dendê. O inquérito também aponta que os policiais vendiam armamentos confiscados do tráfico na região a bandidos do Dendê. 

De acordo com o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, a investigação teve a colaboração de uma delação premiada. O secretário afirmou ainda que ela se destrinchou a partir de uma ligação para o Disque-Denúncia. Apurou-se que o Inquérito Militar estava sendo conduzido de forma a incriminar apenas os praças e não a cúpula do batalhão.

"Apurou-se que o Inquérito Militar estava sendo conduzido de forma a incriminar apenas os praças e não a cúpula do batalhão", declarou Beltrame, ressaltando ainda que o alvo dessa operação é o "nascedouro": "O foco da polícia nesse momento é apurar de onde sai o dinheiro e para onde ele está indo", completou. 

Policiais pediram R$ 300 mil para resgate de bandidos

A polícia afirma ainda que os PMs também estão envolvidos em um sequestro realizado no dia 16 de março deste ano. Nesta data, os policiais receberam a informação de que traficantes armados sairiam da Ilha pela Estrada do Galeão. O carro foi interceptado, na altura da cabine da PM, na base Aérea do Galeão, e cinco traficantes foram abordados e a ação dos policiais foi flagrada por uma câmera de segurança. Com os bandidos foram localizados quatro fuzis, 18 granadas, três pistolas, oito carregadores e munição. Também foram encontrados cordões de ouro e relógios.

O ex-comandante do 17ºBPM, tenente-coronel Dayzer Corpas Maciel%2C foi preso nesta quinta em sua casa%2C no Jardim Guanabara%2C área nobre da Ilha do GovernadorOsvaldo Praddo / Agência O Dia

Após a ocorrência, os PMs apresentaram apenas três dos cinco traficantes. Os outros dois foram levados para o bairro Itacolomi, ainda na Ilha do Governador, onde ocorreu a sequência da negociação. O resgate deles foi negociado com uma advogada.

Eles foram liberados após sete horas, mediante o pagamento de uma primeira parcela de R$ 300 mil. De acordo com as investigações, as munições, pistolas e fuzis ficaram com os policiais. Além disso, desse valor total, R$ 40 mil ficaram com o comandante do batalhão. 

Comandante comprava materiais para obras no batalhão em loja de sua esposa

Segundo Galvão, durante a Operação Ave de Rapina, os agentes encontraram na casa do comandante  R$ 14 mil, que foram apreendidos, além de farto material de notas fiscais, de documentação, produtos eletrônicos e relógios. 

A polícia descobriu ainda que uma loja de material de construção, próxima ao batalhão da IIha, estava no nome da esposa e dos cunhados do comandante. A investigação mostrou que Dayzer comprava materiais nessa loja para obras no batalhão. 

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