Por paulo.gomes

Rio - Uma quadrilha que atuava no 17ºBPM (Ilha do Governador) extorquindo traficantes da região, foi desmantelada nesta quinta-feira, com a prisão de 16 policiais militares, entre eles o ex-comandante do batalhão, o tenente-coronel Dayzer Corpas Maciel. Uma câmera instalada na parte externa da Base Áerea do Galeão filmou a ação dos PMs, que prenderam cinco criminosos dentro de um carro na Estrada do Galeão.

GALERIA: Dezesseis policiais do 17ºBPM (Ilha do Governador) são presos

Segundo investigações da Subsecretaria de Inteligência (SSINTE) da Secretaria de Segurança e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público, os policiais liberaram dois criminosos após pagamento de R$ 300 mil.

De acordo com as filmagens, a ação, que aconteceu no dia 16 de março deste ano, começou por volta das 19h e terminou 25 minutos depois. De acordo com as investigações, os PMs apresentaram somente três dos cinco traficantes. Os outros dois foram levados para o bairro Itacolomi, ainda na Ilha do Governador, onde ocorreu a sequência da negociação. O resgate de Atileno Marcos da Silva, o Palermo, e de Rogério Vale Mendonça, o Belo, ambos da Favela da Coréia, em Senador Camará, na Zona Oeste, foi negociado com uma advogada.

Eles foram liberados sete horas depois, após o pagamento de R$ 300 mil. Ainda de acordo com as investigações, os quatro fuzis, 18 granadas, três pistolas, oito carregadores e munição que estavam com os bandidos, ficaram com os policiais, sendo negociados com os próprios criminosos pelo valor de R$ 140 mil.

Além do tenente-coronel Dayzer Corpas, foram presos o primeiro-tenente Vítor Mendes da Encarnação; os sargentos Rogério Veiga, Francisco Zilvano Fonteles, Honorato José da Silva, Saint'Clair de Araújo da Silva, Marco André Lopes da Silva, Erickson Barros Pieroni, Roosevelt de Guimarães Carvalho Júnior, Alexandre Peres Querin e Marcio da Silva Figueiredo; os cabos Saelton Lúcio de Medeiros, Luis Carlos da Penha Júnior e Luiz Felipe Pereira Martins; e o soldado Henrique dos Anjos Henault.

Dezesseis policiais militares do 17ºBPM (Ilha do Governador) foram presos nesta quinta-feira na Operação Ave de RapinaSeverino Silva / Agência O Dia

Segundo a denúncia do MP, a revenda de armas, granadas, munição e a soltura de dois bandidos na ação rendeu aos acusados R$ 440 mil. Corpas e Encarnação tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça e serão afastados de suas funções por ordem judicial. Além disso, foram cumpridos 32 mandados de busca e apreensão durante a operação.

Ex-comandante é preso em sua casa, numa área nobre da Ilha

Preso em sua casa duplex na Rua Almeida Brandão, no alto do Jardim Guanabara, bairro de classe alta na Ilha do Governador, o tenente-coronel Corpas havia deixado o comando do 17ºBPM na véspera de sua prisão Com a decisão da cúpula da Polícia Militar em realizar diversas trocas nos batalhões após a descoberta de esquema de propinas, como O DIA divulgou na sua edição de quarta-feira.

Dayzer havia sido designado para integrar o quadro do Comando de Policiamento Especializado (CPE). O órgão é considerado estratégico, principalmente com relação ao patrulhamento de vias expressas. Na Ilha, ele foi substituído por Wagner Guerci Nunes. Ele deixou o imóvel três e meia depois da chegada dos agentes da Secretaria de Segurança.

O ex-comandante do 17ºBPM%2C tenente-coronel Dayzer Corpas Maciel%2C foi preso nesta quinta em sua casa%2C no Jardim Guanabara%2C área nobre da Ilha do GovernadorOsvaldo Praddo / Agência O Dia

O tenente Encarnação foi preso no edifício de classe média alta onde mora, em Brás de Pina, na Zona Norte. O soldado Henrique dos Anjos Henault também foi preso em casa, mas no bairro do Rio Comprido. Já o sargento Alexandre Peres Querino foi preso quando chegava para trabalhar no 17º BPM.

A ação desta quinta também contou com a participação da Corregedoria Geral Unificada (CGU), da Polícia Civil e da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (DRACO/IE).

Policiais tinham relações com o chefe do Complexo do Dendê

Segundo as investigações, os PMs mantinham relações com diversos traficantes, especialmente com Fernando Gomes de Freitas, conhecido como Fernandinho Guarabu. Ele é considerado o chefe do tráfico no Complexo do Dendê e o Disque-Denúncia oferece R$ 10 mil por informações pelo seu paradeiro.

A investigação diz que o tenente-coronel Dayzer Corpas Maciel%2C que até o início da semana comandava o 17ºBPM%2C ficou com R%24 40 mil do dinheiro extorquido dos traficantesReprodução / TV Globo

Os cinco traficantes presos na Estrada do Galeão, tinham saído de uma reunião da cúpula do TCP no Morro do Dendê. Os bandidos haviam se reunido para discutir o racha na quadrilha entre Marcelo Santos das Dores, o Menor P, e Gil Pinheiro dos Santos, o Mil Gol.

As investigações apontam que na ocasião, o comandante Dayzer Corpas e o tenente Vítor Mendes da Encarnação souberam do ocorrido e se beneficiaram financeiramente com o fato. O comandante, por exemplo, teria ficado com a quantia de R$ 40 mil.

Em setembro, mais de 20 PMs foram presos na Operação Amigos S/A

No último dia 15 de setembro, o coronel Alexandre Fontenelle, que era o comandante do Comando de Operações Especiais (COE), os majores Nilton João dos Prazeres Neto (chefe da 3ª Seção) e Edson Alexandre Pinto de Góes (coordenador de Operações), além dos capitães Rodrigo Leitão da Silva (chefe da 1ª Seção) e Walter Colchone Netto (chefe do Serviço Reservado) foram presos na Operação Amigos S/A. Além deles 21 PMs também foram presos acusados de receberem propinas.

Fontenelle e Corpas foram condecorados em junho de 2013 com a Medalha do Mérito Dom João VI, a maior da Polícia Militar do Rio.

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