Rio - Inconformado com a presença do coordenador-geral das UPPs, coronel Frederico Caldas, no lançamento do livro “Os Donos do Morro”, na Uerj, um grupo de universitários invadiu na terça-feira o evento e suspendeu a mesa redonda que debatia as ações de pacificação na cidade. Um dos participantes convidados para a discussão, o diretor da Fundação Heinrich Böll, o alemão Dawid Bartelt, teve que sair escoltado. O livro analisa os impactos das UPPs nas comunidades.
“Me sinto profundamente envergonhado. Tentaram pegar sua caneta e jogaram água nele”, disse o professor, doutor em Sociologia, Ignácio Cano, que organizou o evento e é coordenador do livro. “A universidade é um local de pesquisa e debate. Grupos autoritários querem substituir argumentos pelo grito. A polícia precisa mudar? Óbvio. Mas não é xingando que isso vai acontecer.”
Em nota, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública repudiou o ocorrido. Outras universidades ofereceram espaço, mas Cano quer remarcar o evento para a própria Uerj. No debate estavam, além de Cano, Bartelt e Caldas, o coronel Robson Rodrigues, Cintia Luna e Juliana Farias, da Justiça Global. Ouviram frases como
“Fora UPP, matou a Claudia (Silva Ferreira), Amarildo e o DG (Douglas Silva)”. O Centro Acadêmico de História (Cahis) assumiu a responsabilidade pelo ato. “O objetivo era fazer a crítica às UPPs. Conseguimos aglutinar demandas do movimento estudantil e de favelas”, afirmou o diretor da Cahis, Robson Vieira. Em outro debate na Uerj, quando se debatia racismo e marxismo, o historiador e sociólogo Mauro Iasi, que concorreu à presidência pelo PCB, foi expulso aos gritos por alunos que discordaram dele. “Isso é muito sério. São inquisidores que expulsam professores da universidade?”, questionou Iasi.