Por thiago.antunes

Rio - O obstetra suspeito de omissão no atendimento à auxiliar de escritório Aline da Silva Gomes, que na segunda-feira chegou ao Hospital Adão Pereira Nunes, em trabalho de parto, foi ouvido nesta sexta-feira na 60ª DP (Campos Elísios). Em depoimento, Alexandre Gomes de Barros negou ter se recusado a atender a jovem e o bebê prematuro, que se encontrava preso ao cordão umbilical, do lado de fora da unidade.

Aline deu à luz a bebê prematuro dentro do carro%2C a caminho do hospitalReprodução

Segundo ele, o pedido feito para que ela fosse levada ao centro cirúrgico visava sua segurança, por “questões de higiene e assepsia”. A falta de profissional de enfermagem no acolhimento, no entanto, causou a demora e culminou no óbito do recém-nascido.

O delegado José de Moraes Ferreira informou que as imagens de segurança da unidade mostram que um PM que acompanhava um paciente sob custódia solicitou o socorro duas vezes, antes da tragédia. As gravações também revelam que a demora foi de oito minutos e dez segundos, até que um pediatra tomasse a frente da emergência.

No entanto, o eventual indiciamento do médico ainda deve demorar, pelo menos, duas semanas. O tempo é necessário para que o exame complementar ao laudo do IML fique pronto. “Saberemos se a criança chegou a respirar ou se foi expelida morta”, explicou o delegado, que não descarta a tipificação por homicídio doloso.

Enquanto isto, a família da vítima não entende a falta de enfermeiro no setor de acolhimento. “Meu netinho não volta. Será sempre uma dor”, disse a avó da criança, Maria José Gomes. Ela, que viveu a agonia de auxiliar a filha durante o parto prematuro, dentro do carro, hoje desarruma o enxoval montado pela filha. “Aline está em Minas Gerais. Estou desmontando o quarto para que ela não viva esta dor ao voltar para casa”, disse.

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