Por bianca.lobianco

Rio - Anderson Lucas, 31 anos, um dos cinco pacientes intoxicados por comer um peixe baiacu na última quarta-feira, deixou o hospital na noite de ontem e está muito apreensivo. Seu filho Guilherme da Silva Manoel, de 4 anos, continua internado em estado grave no Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, sem previsão de alta. 

Segundo ele, a pescaria teria sido feita por um amigo de sua mãe, próximo a Mauá. Em um primeiro momento, após ingerirem o pescado, Anderson e os amigos sentiram dormência nos dedos e na língua, cinco minutos depois eles já estavam caídos no chão. Por já conhecer os sintomas, Anderson imediatamente ligou para a mãe e perguntou se havia filé de baiacu na peixada. Após a confirmação, eles correram para o hospital em busca de atendimento.

Anderson Lucas%2C 31 anos%2C teve alta do hospital na quinta-feira%2C após ser intoxicado por comer um baiacu. Nesta sexta%2C ele jogou fora o que restou do peixeJosé Pedro Monteiro / Agência O Dia

Nesta manhã, quando a reportagem chegou à casa de Anderson, em Campos Elíseos, Duque de Caxias, ainda havia filés do pescado no congelador, mas ele tratou logo de se livrar do peixe. "Eu ia dar pro cachorro, mas não vou dar, não. Peixe na minha casa não entra tão cedo!", ressaltou.

Além de Anderson, outras quatro pessoas que sofreram intoxicação também foram liberadas. De acordo com a nota oficial da Prefeitura de Duque de Caxias, os pacientes Paulo César da Silva, 48 anos, Maciel Rodrigues de Freitas, 29, e Adriana Fátima dos Santos, 34, deixaram o Hospital Municipal Dr. Moacyr Rodrigues do Carmo. Já no Hospital Infantil Ismélia Silveira, o pequeno Cauan Gonçalves, de quatro anos, também foi liberado.

Em nota, a direção do Hospital Estadual Adão Pereira Nunes informa que Guilherme da Silva Manoel, Guilherme Lucas da Silva e Jackson da Silva de Souza continuam internados. No Hospital Moacyr do Carmo, continuavam, até a noite desta sexta, Luciana Gonçalves, e José Augusto de Souza. A menor Vitória da Silva, 3, continuava em observação no Hospital Infantil Ismélia da Silveira.

'A carne de baiacu é saborosa. Mas tem que saber limpá-la', Roberto Pimentel - Colunista de pesca de O DIA

A despeito do incidente com a família do subúrbio no Rio intoxicada (e a gente daqui torce para o pronto restabelecimento de todos) e da consequente onda a seguir de tentativas de demonização da espécie, é bom lembrar que o baiacu-arara tem uma legião de apreciadores por aqui.

Embora não seja comercializada em peixarias e redes de mercados, sua carne é bastante saborosa. Mas existe uma regra básica para o seu consumo, respeitada à risca tanto por pescadores artesanais como amadores: só comê-lo quando você mesmo o limpa ou quando o procedimento é feito à sua frente, pelo menos.

Sempre comi baiacu. À milanesa, com molho de camarão por cima, é de lamber os beiços. Não há quem resista. Não é à toa que o torpedo (como é chamado o baiacu-arara por aqui por pescadores esportivos) seja uma das iguarias preferidas dos japoneses, que têm nos frutos do mar o seu carro-chefe na culinária. Lá, o assunto é levado tão a sério que há cursos especializados em formação de limpadores de baiacus, com certificados e fiscalização rigorosa. Por aqui, os ensinamentos ficam retidos com os velhos pescadores, que os passam de geração a geração.

Clique na imagem para aumentar o infográficoFabio Gonçalves / Agência O Dia

Mas, graças à Internet, hoje, há vários sites que ensinam como limpá-lo. O perigo está em sua vesícula biliar, do tamanho de uma bola de gude, de tom esverdeado. É lá que está a tal toxina venenosa. Por isso, para um consumo sem sustos, quando da remoção de suas vísceras, é fundamental que essa bolinha de gude do mal esteja intacta. Quando há qualquer indício de vazamento, com a bolinha murcha, é bom esquecer o peixe e trocar rápido o cardápio.

Como o baiacu, há outras criaturas no reino animal marinho, como mariscos, ostras, cavalas, etc, que contêm toxinas prejudiciais ao organismo humano. Conhecer bem as espécies é o primeiro passo para uma alimentação saudável e prazerosa. Bom apetite.

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