Por thiago.antunes

Rio - Da visão do paraíso, quando estas terras abrigavam golfinhos e baleias, montanhas e florestas intocadas, domínios dos índios tupinambás, ao murmurinho da Avenida Rio Branco e ao entra-e-sai dos trens da Central, muita história se passou. São 450 anos de praia. A chegada dos portugueses, a guerra com os franceses, a corte de D. João VI. Os movimentos de independência, as manifestações de rua, o tambor político que ecoa pelo país. A Bossa Nova, o samba, a tanga, o funk, o doce balanço a caminho do mar. Cidade de encantos e contrastes, quem te viu, quem te vê, como esquecer?

Uma das capas de O DIA que celebra os 450 anos da Cidade MaravilhosaReprodução

Diante dessa impossibilidade, e rendido ante à beleza e à efervescência de uma metrópole que não se cansa de inventar moda, o mais carioca dos jornais presta uma alentada homenagem aos 450 anos da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. É quase um dever cívico. Em parceria com a Prefeitura do Rio, O DIA dá início a um projeto que inclui quatro séries de publicações, cada uma com o desafio de expressar, em múltiplas linguagens, o jeito carioca de ser.

A série de revistas ‘Natural do Rio’ iniciou a jornada. O primeiro número, encartado nesta sexta-feira no DIA, fala da formação da cidade, com um toque de humor de nossos craques Jaguar e Aroeira. Serão seis revistas mensais, abordando aspectos como história, arquitetura, moda, música, vida ao ar livre e, é claro, o povo carioca.

Em ‘Lugares do Rio”, vamos contar a história e mostrar a diversidade de 21 bairros, de Ramos a Vila Isabel, de Copacabana a Marechal Hermes, da Lapa à Ilha do Governador. Quem abre a série é Madureira, no próximo dia 13. As matérias especiais serão publicadas sempre às quintas, até 2 de abril do ano que vem.

Em janeiro, quando os eventos oficiais pelos 450 anos começarem a colorir a cidade, as outras duas séries encorparão a festança. Em ‘Ícones do Rio’, nossa equipe de Arte vai produzir infográficos de símbolos como a Ilha Fiscal, o Cristo Redentor, os Arcos da Lapa e o Maracanã. Já em ‘Olhares do Rio’, a turma da Fotografia vai traduzir em ensaios de imagens a alma carioca, da Feira de São Cristóvão aos bailes funk, do Samba do Trabalhador aos botequins nossos de cada dia.

O leitor e o internauta terão papel de destaque no projeto. O site do DIA está preparando um espaço especial para receber relatos, fotos e contribuições dos cariocas, de nascimento e de adoção, em louvor ao aniversário do Rio. Vai ter lugar pra todo mundo nessa nau dos tempos modernos, que acaba de zarpar.

Uma rainha para celebrar a beleza carioca

Mulheres entre 17 e 30 anos podem se inscrever no concurso Rainha Rio 450, que vai eleger a musa oficial da cidade. As inscrições podem ser feitas no site www.rainhario450.com.br até 30 de novembro. A grande final será no dia 17 de janeiro, em uma cerimônia no Centro Cultural João Nogueira, o Imperator, no Méier, com transmissão ao vivo pela TV Bandeirantes.

Solange Medina foi eleita rainha do 4º Centenário%2C em 1965Bruno de Lima / Agência O Dia

A expectativa é receber cerca de mil inscrições no processo de seleção que terá seis etapas. Na primeira, 66 mulheres serão escolhidas. Na segunda, um júri técnico vai selecionar 33 beldades, uma de cada região administrativa. Dessas 33, apenas 14 vão para a final, junto com a candidata que será escolhida pelo voto popular no site oficial do concurso. A vencedora vai ganhar um carro zero.

No 4º Centenário da Cidade Maravilhosa, em 1965, houve um concurso. “Foi muito simbólico naquela época, mobilizou toda a população. Nós vimos que ele teria uma grande importância nesse momento porque a gente quer justamente reviver esse engajamento e fazer com que toda a cidade celebre esse jubileu”, disse Marcelo Calero, presidente do Comitê Rio 450.

A vencedora naquela época, há 50 anos, foi Solange Medina, eleita Rainha do 4º Centenário. Loura, de olhos azuis, moradora da Zona Sul e com apenas 17 anos na época, Solange representou o bairro de Botafogo e derrotou 22 jovens em um Maracanãzinho lotado. Desde então, não deixou de ser a dona da coroa de Rainha, já que não houve outro concurso.

“Foi mero acaso. Eu estava em um evento no banco em que meu pai trabalhava e um organizador do concurso me viu. Ele perguntou aos meu pais se eu poderia me candidatar. Eles permitiram justamente porque era um concurso único e que demoraria muito para acontecer outra vez. Na verdade, demorou 50 anos e aqui estou eu, pronta para passar a coroa para a nova rainha”, conta Solange, que hoje é uma renomada decoradora de interiores.

Questionada a respeito dos padrões de beleza atuais, Solange foi taxativa: “As mulheres estão mais bonitas, talvez pela quantidade de recursos que existem hoje em dia. Acho que os jurados terão mais trabalho do que naquela época”.

O presidente do Comitê Rio 450 explica que as concorrentes não precisam ter nascido no Rio de Janeiro para participar. Basta ter o espírito carioca e uma ligação afetiva com um dos bairros da Cidade Maravilhosa. “Como já dizia Vinicius de Moraes, carioca é mais que uma questão de nascimento, é uma questão de estado de espírito. Ou seja, a rainha vai materializar todo o entusiasmo e toda a graça das cariocas”, revelou

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