Rio - Um esporte que nasceu nas areias de Copacabana há cerca de 60 anos e continua sendo praticado por diferentes gerações deverá ser tombado como patrimônio imaterial do Rio. Seja entre a velha guarda e os novos praticantes, no frescobol, o que importa não é vencer. “O único esporte com espírito esportivo”, disse Millôr Fernandes, um dos inventores da atividade.
Entrosamento é tudo. Desde a adolescência, o professor André Salém, de 45 anos, e o funcionário público Sérgio Lima, 46, fazem dupla na Praia de Ipanema. “Não tem competição. O melhor precisa ajudar o pior para o jogo continuar, ao contrário de outras modalidades”, disse André.
A tradição passou de pai para filho. “Somos da velha guarda. Hoje não vejo tantos jovens praticando. Mas o meu filho adora, estimulo porque acho que é uma atividade física saudável, ao ar livre”, afirmou Sérgio. Vale a pena até se jogar na areia para não deixar a bola cair. Os estudantes Juca Barros, 14, e Tiago Pires, 15, também aprenderam com seus pais. “Fui trocar meus patins que ganhei de presente e o meu pai sugeriu que a gente comprasse a raquete porque é um esporte bem carioca”, disse Thiago.
Enquanto os amigos jogavam altinho ao lado, Juca garantiu que já tinha encontrado o seu esporte: “Não jogo bem futebol mas sou o Federer das praias. É um entretecimento que não estraga a amizade e precisa de quase nada para brincar”.
Hoje, o Rio tem 31 bens imateriais. O título, dado pela prefeitura, garante a preservação dos costumes culturais cariocas. Os últimos a entrarem na lista foram a procissão de São Sebastião e a Bênção dos Barbadinhos. “É uma invenção genuinamente carioca, ao mesmo tempo que é um esporte, também é uma reunião social”, afirmou Washington Fajardo, presidente do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade. Jogar frescobol próximo à água é proibido entre 8h e 17h. Os praticantes devem procurar áreas mais próximas ao calçadão, onde haja menos pessoas.
Reportagem de Lucas Gayoso