Por nicolas.satriano

Rio - "A partir de agora, só come churrasco", disse o pedreiro Paulo César da Silva sobre o filho Guilherme da Silva Marriel, de 5 anos, ao deixar o Hospital Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, na manhã desta quinta-feira. A criança foi a vítima mais grave do caso de intoxicação com carne do peixe baiacu que levou ele e outras duas pessoas, no último dia 22, à unidade de saúde. Ao falar do filho, que chegou a estar em coma profundo no Centro de Terapia Intensiva (CTI) pediátrico do hospital e respirar por aparelhos, o pedreiro chamou de "milagre" a recuperação da criança.

Apesar de haver poucos registros na literatura médica de sucesso no tratamento da toxina do peixe, que não tem antídotos, uma semana depois, o resultado positivo em relação à recuperação das vítimas foi atribuído ao pronto atendimento do paciente e a agilidade da emergência. Em casos como esses, o paciente pode ter uma parada cardiorrespiratória em até 6 horas após a ingestão da substância.

Guilherme%2C de 5 anos%2C chegou a respirar por aparelhos e ficar em coma profundo devido à intoxicaçãoDivulgação

No caso do pequeno Guilherme, como não existe antídoto para a toxina, os médicos optaram pela eliminação da substância do organismo, através de lavagem estomacal e hidratação venosa. Nos dias seguintes, os sinais vitais da criança foram monitorados constantemente. Dois dias depois ele já movimentava os membros e, no terceiro dia, voltou a respirar normalmente. Segundo a avaliação neurológica, a Guilherme não sofreu nenhuma sequela.

Como age a toxina do baiacu

O baiacu produz uma neurotoxina, chamada Tetrodotoxina (TTX). O veneno é um dos mais potentes encontrados na natureza, se concentrando principalmente na vesícula biliar do peixe. Nos casos mais graves de ingestão da toxina, os primeiros sintomas surgem após 20 minutos. Começa com uma dormência nos lábios, que depois se estende para todo o corpo. Em seguida, surgem náusea, diarreia e vômito, associada à paralisia muscular. O caso pode evoluir para uma parada cardiorrespiratória e levar à morte dentro de 4 a 6 horas.

– A carne de baiacu é altamente tóxica. Mesmo sendo ingerida em pequenas quantidades, pode levar um adulto à morte. Como a criança tem menor massa corporal, os casos graves de intoxicação infantil com frequência são letais, – avalia o médico Pedro Coscarelli, da Coordenação de Vigilância Epidemiológica e Saúde do Trabalho da Secretaria de Estado de Saúde.

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