Por nicolas.satriano

Rio - 'A população odeia pobre e nordestino'. Segundo integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-teto (MTST), é a isso que se atribui a tentativa de incêndio sofrida pela ocupação na madrugada deste domingo, enquanto todos dormiam. De acordo com eles, de quatro a seis barracos vazios do acampamento montado em um terreno abandonado no bairro de Santa Luzia, em São Gonçalo, foram atacados com o objetivo de destruí-los, porém, o fogo foi controlado pelos próprios ocupantes. Os integrantes do movimento não têm ideia de quem estaria por trás do ato criminoso.

Ocupantes de um terreno abandonado no bairro de Santa Luzia%2C em São Gonçalo%2C na Região Metropolitana%2C dizem que foram atacados na madrugada deste domingoCarlo Wrede / Agência O Dia

Na última sexta-feira, centenas de famílias realizaram uma ocupação com o objetivo de reivindicar moradias decentes. Eles alegam sofrer com aluguéis abusivos e especulação imobiliária, principalmente por causa do Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (Comperj) e da possível chegada da Linha 3 do metrô. De acordo com integrante da coordenação do movimento, Vitor Guimarães, "a ocupação é uma mensagem para o governo para providenciar moradia para pessoas que não têm condições de pagar aluguel na região".

A expectativa dos ocupantes é que um diálogo com a prefeitura comece já nesta segunda-feira. Segundo eles, não houve comunicado oficial do poder público e souberam disso por meio da imprensa.

Centenas de famílias ocupam desde a última sexta-feira um terreno abandonado em São Gonçalo%2C na Região MetropolitanaCarlo Wrede / Agência O Dia

Daniella Assis, 30 anos, mora ao lado da área e confirmou que o local está abandonado há pelo menos três décadas. O terreno pertenceria a um padre que faleceu, mas, tempos depois da morte do religioso, um dono de outro terreno chegou a cercar a propriedade, que foi removida com ajuda da polícia, na época. Até o momento, ninguém chegou a reivindicar a posse da propriedade. Os ocupantes dizem, ainda, que algumas pessoas apareceram dizendo serem os donos, mas sem apresentar documentação.

No momento em que a reportagem do DIA esteve no local, por volta das 12h deste domingo, um carro entrou no terreno e, ao perceber a presença da imprensa, saiu apressado.

Onde foram montados os barracos não há água encanada. A previsão é que 70 crianças passem a morar no local, mas, no momento, há dez. Nesta segunda-feira, a Prefeitura de São Gonçalo vai analisar a situação. A expectativa do MTST é de que o município desaproprie o imóvel e construa casas populares.

No sábado à noite, o MTST cadastrou 200 famílias para a ocupação. “Moro, com duas netas, em um quarto e sala, mas o aluguel dobrou”, disse a ambulante Fátima Dias, de 54 anos, enquanto ajudava na construção do barraco que vai dividir com três famílias. Mãe de um bebê de 7 meses, Greciane Souza, de 23 anos, também fazia seu barraco. Ela alegou que mora, de favor, em área de risco.

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