Rio - O secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, exonerou nesta quinta-feira o comandante-geral da PM, coronel José Luís Castro Menezes, de acordo com informações de bastidores da Polícia Militar e da secretaria. Na noite desta quinta, Castro estava numa consulta médica, mas adiou cirurgia marcada para esta sexta, dia que, coincidentemente, deverá passar o comando da corporação para o atual chefe do Estado-Maior Operacional, coronel Paulo Henrique de Moraes. Este último, entretanto, não ficará à frente da PM. Assumirá interinamente e ‘esquentará a cadeira’ para o coronel Alberto Pinheiro Neto, preferido do governador Luiz Fernando Pezão e do próprio Beltrame, conforme O DIA antecipou no último dia 29.
Nesta quinta, o site da revista ‘Veja’ publicou que Pinheiro Neto já se afastou da função de chefe da segurança patrimonial da TV Globo, cargo que exercia há cerca de um ano, após o convite para ser o ‘zero um’ da PM. Ele também enfrenta problemas de saúde e deve assumir em janeiro, após tratamento médico. O coronel já teria conseguido de Beltrame a suspensão de uma promoção de oficiais que seria realizada no fim do ano. Pinheiro Neto quer analisar os nomes e evitar novos escândalos como os que mancharam a gestão de Castro.
Pinheiro Neto já havia sido cotado para ser comandante-geral da PM na crise aberta com o assassinato da juíza Patrícia Acioli em 2011 e que culminou no pedido de demissão do então comandante, o coronel Mario Sérgio Duarte. Na ocasião, por ter apenas 45 anos de idade, Pinheiro Neto foi considerado ainda muito jovem para assumir e deu vez ao coronel Erir Ribeiro, que tinha 54 anos na ocasião.
Pinheiro Neto tem o perfil operacional aliado à formação acadêmica de gestor público, além de experiência de formulador de práticas policiais. Promovido a coronel em agosto de 2009, Pinheiro Neto teve papel relevante na estratégia operacional da ocupação do Complexo do Alemão. Décimo terceiro comandante do Bope e ‘Caveira 41’, Pinheiro Neto passou 14 anos na tropa de elite da PM e teve sua formação como policial essencialmente influenciada pela unidade especial.
Ele foi ainda o criador de doutrinas de um curso de progressão em favelas e outro para a proteção de autoridades ainda hoje adotados pela Polícia Militar. Uma reunião com os comandantes de batalhões e outras unidades da PM será realizada hoje ou, no máximo, na segunda-feira para explicar a ‘dança das cadeiras’ na corporação, esperada há meses.
Escândalos marcam fim da gestão
A gestão do coronel Luís Castro chega ao fim marcada por vários escândalos, como a prisão do terceiro homem na hierarquia da corporação, coronel Alexandre Fontenelle — suspeito de comandar um esquema de propina há anos, segundo o Ministério Público (MP). O caso respingou na cúpula, que segue sendo investigada, depois que subordinados, em delações premiadas ao MP, disseram que o Estado-Maior da PM recebia parte do dinheiro arrecadado nos crimes.
Além da queda de outro comandante, o coronel Dayzer Corpas, então no 17º BPM (Ilha do Governador), em um caso de venda de armas e extorsão a traficantes, o ‘tiro de misericórdia’ em Castro foram os escândalos mostrados pelo DIA na área da Saúde da PM, cujo montante em fraudes de compras, desvios e superfaturamento de insumos médicos pode superar os R$ 16 milhões.