Por thiago.antunes

Rio - A segurança montada pela PM no Hospital Estadual Azevedo Lima, onde dez homens armados resgataram o assaltante Jhony Luiz da Silva, de 27 anos, o Bebezão, foi criticada por especialistas. “O ideal é ter, no mínimo, três policiais para a escolta de um criminoso de alta periculosidade. Ainda deve haver carro na porta do hospital. Foram erros primários. O mais grave é que este suspeito teria participado daquela tentativa de resgate no Fórum de Bangu. Inacreditável”, criticou o ex-secretário Nacional de Segurança, coronel José Vicente Filho.

Jorge Darze, presidente do Sindicato dos Médicos do Rio, vai além. “Este tipo de criminoso deve ser atendido só no CTI e, depois, levado para hospitais penitenciários, que estão sucateados. Não há segurança”, lembrou.

Relembre o caso

Após matar um policial militar e roubar o carro dele, um grupo formado por pelo menos dez homens invadiu na madrugada desta segunda e resgataram Bebezão, que estava sob custódia. Apontado como um dos principais ladrões de cargas e caixas eletrônicos da Pavuna, no Rio, e Belford Roxo, na Baixada Fluminense, ele fora transferido em outubro, por questões de segurança, do Hospital Carlos Chagas, em Marechal Hermes, no Rio, a pedido do comando do 41º BPM (Irajá).

Polícia Militar reforça a segurança do Hospital Estadual Azevedo Lima%2C em Niterói%2C onde na madrugada desta segunda o traficante Jhony Luiz da Silva%2C o BebezãoCarlos Moraes / Agência O Dia

Apenas um policial militar fazia a escolta no momento do resgate. Ele foi agredido e teve duas armas roubadas. Os bandidos chegaram em três carros, por volta das 4h, entraram pela porta da frente e ficaram cerca de 25 minutos na unidade. Segundo testemunhas, eles não sabiam em qual andar Bebezão estava e entraram em diversos quartos e enfermarias. Pertences de funcionários e acompanhantes de pacientes também foram roubados. Antes da invasão, o grupo matou o subtenente da PM Celso Milício de Oliveira, de 54 anos, e um motociclista. A mulher do policial, Roseli Barcelos, 41, foi baleada.

Em nota, a assessoria de imprensa da PM afirmou que dois policiais foram designados para a escolta, mas um deles teria se sentido mal e pedido encaminhamento ao Hospital Central da Polícia Militar. Em outra nota, foi informado que a 2ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM) recebeu do corregedor a determinação de abrir averiguação sumária, com prazo de 72 horas, para apresentar relatório.

Até o início da noite desta segunda, ainda havia policiais sendo ouvidos. Entre eles, os dois agentes do 41º BPM (Irajá) responsáveis pela custódia e o oficial de supervisão daquela área de patrulhamento em Niterói. Segundo informações da 78ª DP (Fonseca), foi feito registro de roubo e de fuga de pessoa custodiada. Duas câmeras de segurança foram recolhidas.

Bebezão foi preso mês passado após trocar tiros com policiais na Pavuna. Ele e outros bandidos tentavam roubar carga de cigarros. Em outubro de 2013, o bando tentou resgatar do Fórum de Bangu três traficantes que seriam julgados. Na ação, morreram baleados um policial e um menino de 8 anos. Bebezão e mais 15 suspeitos foram denunciados pelo MP pela invasão ao fórum e tiveram as prisões preventivas decretadas.

Policial voltava de pescaria

O ataque que resultou na morte do PM Celso Milício, pouco antes da invasão ao hospital, ocorreu no bairro Santa Luzia, em São Gonçalo. Na Rua Iracir Lustina, às 2h30, os bandidos renderam o policial e a mulher dele, Roseli, além de um cunhado. Eles estavam em um Fox e voltavam de uma pescaria.

O policial deixava o parente em casa e seguiria para o bairro Apolo. Um dos bandidos percebeu que o militar estava com uma pistola entre as pernas e atirou. Celso morreu no local. Roseli foi baleada no abdômen e operada no Hospital Alberto Torres, em São Gonçalo. Seu estado de saúde é estável. O subtenente era lotado no 5º BPM (Praça Harmonia). A Divisão de Homicídios de Niterói investiga a morte de um motociclista, que teria sido assassinado pelo mesmo grupo.

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