Rio - Na manhã desta quarta-feira, radialistas do Sistema Sul Fluminense de Comunicação deixaram três emissoras fora do ar em protesto inédito, segundo o sindicato da categoria, contra diversas irregularidades, entre elas atrasos de pagamento, constrangimento moral e defasagem salarial. Os profissionais se reuniram numa praça e paralisaram suas atividades, deixando as rádios Cidade do Aço (103 FM), Sociedade FM (104), Sul Fluminense AM e 96,1 FM, fora do ar por cerca de 30 minutos.
Segundo o presidente do sindicato, Miguel Walter Costa, a manifestação teve a finalidade de buscar um acordo com os empresários do sistema, que tem 80 funcionários, visando à regularização do pagamento, atrasado há 12 dias.
“Não podemos aceitar que a categoria que denuncia as irregularidades que acontecem pelo país, se sujeite a uma situação como esta, inclusive há sérias denúncias de coação dos empregados que se rebelam contra a situação. A ameaça de desemprego é constante", destacou o sindicalista, ressaltando que os empresários também se negam a pagar vale transporte e ticket refeição.
Um funcionário que, por temer represália, preferiu não se identificar, disse que a empresa exige a assinatura de recebimento de cesta básica todos os meses, mas que o benefício nunca foi concedido. “A rádio é campeã em audiência e em exploração ao trabalhador”, denunciou.
O diretor do sindicato Antônio Fanzeres, afirmou que existe um processo na justiça contra a empresa. “Esses atrasos salariais acontecem com frequência. Portanto, viemos do Rio hoje em apoio aos colegas da categoria e para mostrar para a população o desrespeito ao acordo coletivo que existe por parte do Sistema Sul Fluminense de Comunicação”, disse Antônio, frisando que a categoria está há quatro anos sem reajuste e que o piso pago a categoria é bem menor que o nacional
Primeira estação de amplitude modulada instalada na Região Sul Fluminense, o sistema existe desde 1944, sob a direção da Família Nader, que já teve representante na Câmara Federal envolvido em escândalos de corrupção (máfia dos anões do orçamento, em 1993), que deram um rombo de R$ 100 milhões aos cofres públicos. O esquema fraudulento pediu a cassação de 18 deles, mas apenas seis foram punidos. Os sócios da empresa ainda não se manifestaram sobre o assunto.