Por thiago.antunes

Rio - Os ocupantes do Residencial Guadalupe invadido no dia 9, aguardam o cumprimento da reintegração de posse determinada pela Justiça. De acordo com os invasores, eles vão desocupar o local. Porém, permanecerão acampados na calçada até que sejam incluídos em programas habitacionais. Nesta segunda-feira havia a expectativa de que a decisão judicial fosse cumprida com o apoio da Polícia Militar, o que deve acontecer amanhã ou na quinta-feira.

Na última sexta-feira integrantes da Polícia Militar, da Caixa Econômica Federal, da construtora BR4, além de oficiais de Justiça e do juiz que está a frente do caso, se reuniram para traçar a estratégia de retirada dos ocupantes do local — um conjunto de prédios destinado ao programa Minha Casa Minha Vida.

Blindado em frente ao Residencial Guadalupe%3A PM pediu tempo para traçar estratégia de desocupaçãoSeverino Silva / Agência O Dia

No encontro, o Comando Geral da Polícia Militar pediu um prazo para a operação. “Todos estavam presentes na reunião e acataram o pedido da PM para que houvesse tempo de preparar uma ação mais cuidadosa”, contou o diretor da BR4, Luis Carlos Brito.

O Tribunal de Justiça, através de nota, informou que a “intimação será entregue e que o Poder Judiciário junto à Força policial estão planejando a melhor forma de proceder nessa situação. Sendo assim, a data certa não está sendo divulgada, pois isso aumentaria a chance de os invasores se organizarem em resistência”. A Polícia Militar disse que não teria data para a reintegração de posse e que “tem conversado com moradores no sentido de que a retirada seja feita pacificamente”.

Após retirada, reforço policial

De acordo com o diretor da construtora BR4 Luis Carlos Brito, após a reintegração, técnicos da empresa avaliarão os apartamentos para constatar se há danos e qual a gravidade deles. Só depois disso eles vão poder definir a data de entrega do empreendimento à Caixa. Brito informou, que durante o período de reformas, o Residencial Guadalupe receberá reforço na segurança privada e apoio da PM para evitar novas invasões.

Invasores circulam com móveis dentro do conjunto habitacional em GuadalupeSeverino Silva / Agência O Dia

Os invasores disseram que não vão oferecer resistência. Porém, esperam que o Poder Público esteja presente no dia da desocupação para cadastrá-los em programas habitacionais. Caso isso não aconteça prometem ficar acampados na calçada, do lado de fora do conjunto, até que sejam atendidos.

Segundo a professora de capoeira, Celi Santana, de 41 anos, uma das representantes do invasores, todos os 240 apartamentos estão ocupados por cerca de mil pessoas. “Muitos aqui moravam em barraquinhos que iam ser destruídos com as chuvas de verão. Muita gente aqui está cadastrada nos programas e nunca é sorteada. É um absurdo tanta gente sem condições de moradia aqui na região e esses apartamentos vazios”, disse.

Nesta segunda-feira de manhã um carro foi encontrado carbonizado perto do Residencial Guadalupe. Segundo o comandante do 41º BPM (Irajá), tenente-coronel Luiz Carlos Leal, isto é comum na área. Ele descartou a hipótese de retaliação do tráfico de drogas.

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