Por paulo.gomes

Rio - O soldado da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Vila Kennedy, Ryan Procópio Guimarães, de 23 anos, brutalmente morto nesta segunda-feira em Bangu, foi enterrado na tarde desta terça-feira no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, na Zona Oeste do Rio.

PM de UPP morto em Bangu é enterrado em Sulacap

Conversa entre o PM Ryan Procópio Guimarães e a namorada horas antes dele morrer brutalmente assassinado em Bangu%2C na Zona OesteReprodução Internet

Namorada acredita que Justiça será feita

A namorada do soldado da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) desabafou numa rede social horas depois do crime. A jovem publicou a última conversa que teve com o policial militar, que aconteceu por volta de 21h20 de ontem, onde ela dizia: "Eu sinto falta de você".

Na rede social, a namorada do policial, que será sepultado nesta terça, às 16h, no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, destaca que ele havia deixado sua casa na própria segunda e lembrou que a filha dela havia "dado um abraço forte" nele. Em outra postagem, a jovem volta a lamentar a morte de Ryan, mas aposta que a Justiça será feita:

"Meu namorado, meu amigo! Saudades eternas, sem vontade de viver. Mas a Justiça vai ser feita".

Também através de uma rede social, um policial militar lamentou o assassinato de Ryan e lembrou o pacto que ambos tinham feito: "Não era esse o nosso combinado. E agora? A PM não será a mesma coisa sem você. E o nosso combinado de fazer uma nova era lá dentro? Deus ilumine teu espírito e te receba como se deve, como um verdadeiro guerreiro. Realmente, em estado de choque no momento", diz.

Brincalhão e orgulhoso de ser PM, dizem amigos

Num clima de indignação e tristeza, amigos de bairro do soldado Ryan estiveram na DH na madrugada desta terça para ajudar nas investigações sobre as circunstâncias da morte do PM. Segundo grupo, ele também era conhecido como Procópinho, estava de folga e tinha através do WhatsApp convidado alguns deles para beber cerveja durante sua folga na terça-feira. A descontração, a alegria, a camaradagem e orgulho de ser policial foram ressaltados por eles.

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"Ryan era um cara alegre. Saíamos juntos para beber cerveja, se divertir. Era uma pessoa boa, íntegra, que estava sempre rindo. Dizia que a profissão que ele tinha escolhido era uma profissão de família. Tinha orgulho, amava demais ser policial, mas não tinha o costume de andar armado de usar a carteira de PM. Só em serviço. Estou muito triste. Ele vai fazer muita falta", disse com os olhos marejados, um amigo de infância do soldado, que por medida de segurança preferiu não se identificar.

Ryan Procópio Guimarães%2C de 23 anos%2C que era lotado na UPP Vila Kennedy%2C foi encontrado morto e com sinais de tortura dentro de seu próprio carro%2C em BanguReprodução Internet

Outro amigo, que também não se identificou, cobrou da sociedade a mesma indignação com a morte do policial militar, do que quando ocorre com bandidos, suspeitos e vítimas de balas perdidas em ações policiais.

"Ryan não mudou depois que entrou para a PM. Era brincalhão e posso dizer que era uma criança. O pai era PM, o irmão é PM e ele se formou na PM. Tinha orgulho, a finalidade de contribuir para a sociedade trabalhando, servindo no projeto da UPP. Queria que essa mesma sociedade desse a mesma ênfase quando há casos de repercussão, como o do Amarildo, quando morre um policial brutalmente assassinado por bandidos. O policial trabalha para dar segurança a ela e não é reconhecido. PM tem família, amigos. Ele só queria se divertir no seu dia de folga, beber cerveja com os amigos como um cidadão qualquer", protestou o amigo.

Policiais da Divisão de Homicídios realizaram a perícia no carro onde o PM Ryan Procópio Guimarães foi encontrado morto na Zona OesteOsvaldo Praddo / Agência O Dia

Ryan Procópio foi morto, no bairro de Bangu, na Zona Oeste. Ele é irmão do tenente do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), Islan Procópio, de 25 anos, e filho do sargento Procópio, um dos primeiros instrutores da tropa de elite da PM, já falecido. O PM foi sequestrado e o corpo encontrado na mala de seu próprio carro com sinais de tortura e marcas de tiros de fuzil e pistola. Bandidos da Vila Aliança, no mesmo bairro, são os principais suspeitos.

A Divisão de Homicídios (DH) da Capital, que assumiu as investigações, realizou a perícia no local do crime e alguns familiares de Ryan já foram ouvidos na sede da especializada. Os agentes agora procuram por possíveis testemunhas e imagens de câmeras de segurança instaladas na região para análise. De acordo com a Polícia Civil, todas as hipóteses sobre a motivação do crime estão sendo investigadas.

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