Rio - O soldado da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Vila Kennedy, Ryan Procópio Guimarães, de 23 anos, morto nesta segunda-feira em Bangu, foi enterrado na tarde desta terça-feira no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, na Zona Oeste do Rio. O cortejo, formado por cerca de 150 pessoas entre parentes e amigos, foi marcado por tristeza e emoção. Entre os presentes, estava o comandante-geral da PM, Ibis Pereira, que não quis falar com a imprensa.
Ryan foi brutalmente assassinado no fim da noite de segunda. Ele é irmão do tenente do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), Islan Procópio, de 25 anos, e filho do sargento Procópio, um dos fundadores e ex-instrutor da tropa de elite da PM, já falecido. O PM foi sequestrado e o corpo encontrado na mala de seu próprio carro com sinais de tortura e marcas de tiros de fuzil e pistola. Bandidos da Vila Aliança, no mesmo bairro, são os principais suspeitos.
Divisão de Homicídios investiga
A Divisão de Homicídios (DH) da Capital, que assumiu as investigações, realizou a perícia no local do crime e alguns familiares de Ryan já foram ouvidos na sede da especializada. Os agentes agora procuram por possíveis testemunhas e imagens de câmeras de segurança instaladas na região para análise. De acordo com a Polícia Civil, todas as hipóteses sobre a motivação do crime estão sendo investigadas.
Segundo a PM e amigos, Ryan estava de folga e teria sido abordado por bandidos quando passava pela Estrada do Engenho em seu Honda Fit preto, placa LOV-9530, por volta das 22h50. O militar teria sido reconhecido como PM e sido levado para a Vila Aliança, dominada por traficantes da facção criminosa Terceiro Comando Puro (TCP). O carro foi encontrado no início da madrugada, na Rua Vigilante Fortunato, próximo à Avenida Brasil, aproximadamente dois quilômetros do local do sequestro. Segundo um amigo da vítima, o corpo estava no porta-malas, com as mãos amarradas e apresentava sinais de fraturas e um dedo arrancado. Segundo ele, pelo menos dois tiros de fuzil e cinco de pistola foram disparos nas costas de Ryan, que também foram cortadas em forma de cruz.
Para a polícia, a suspeita do crime recai inicialmente sobre bandidos da Vila Aliança devido a uma operação conjunta, no mesmo dia, de policiais da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da Polícia Civil, com o apoio do 14ºBPM (Bangu) e da 33ªDP (Realengo). Nove pessoas foram presas. Entre elas está Jeferson Dias Lino, conhecido como Jefinho e apontado pela polícia como o terceiro na hierarquia da quadrilha.
Um menor foi apreendido, além de quatro fuzis, três granadas, munição, rádios transmissores, um tonel com cocaína, vários tabletes da mesma droga e também de maconha, além de material para endolação. Três carros roubados foram recuperados. Um dos detidos chegou a ser ferido de raspão durante um confronto. O tenente Islan esteve no local do crime e acompanhou a perícia dos policiais da DH. Colegas de Ryan, da UPP Vila Kennedy e policiais do 14ºBPM também estiveram no local e reforçaram a segurança na região, considerada de risco devido a proximidade com a Vila Aliança.
Ainda de acordo com amigos da vítima, o soldado estava há cerca de oito meses na PM e tinha passado pelas UPPs do Alemão e do Andaraí, de onde tinha pedido transferência recentemente. Islan está no Bope a cerca de cinco meses, após concluir o curso da tropa de elite.
Namorada acredita que Justiça será feita
A namorada do soldado desabafou numa rede social horas depois do crime. A jovem publicou a última conversa que teve com o policial militar, que aconteceu por volta de 21h20 de ontem, onde ela dizia: "Eu sinto falta de você".
Na rede social, a namorada do policial, que será sepultado nesta terça, às 16h, no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, destaca que ele havia deixado sua casa na própria segunda e lembrou que a filha dela havia "dado um abraço forte" nele. Em outra postagem, a jovem volta a lamentar a morte de Ryan, mas aposta que a Justiça será feita:
"Meu namorado, meu amigo! Saudades eternas, sem vontade de viver. Mas a Justiça vai ser feita".
Também através de uma rede social, um policial militar lamentou o assassinato de Ryan e lembrou o pacto que ambos tinham feito: "Não era esse o nosso combinado. E agora? A PM não será a mesma coisa sem você. E o nosso combinado de fazer uma nova era lá dentro? Deus ilumine teu espírito e te receba como se deve, como um verdadeiro guerreiro. Realmente, em estado de choque no momento", escreveu.