'É muito duro ter que enterrar um filho', diz pai de PM assassinado na Z. Norte
Com camisas escrito 'basta', policiais militares protestaram durante o velório de Anderson Sena Freitas, em Mesquita
Por paulo.gomes
Rio - Influenciado pelo irmão, que é sargento da Polícia Militar, Anderson Sena Freire, de 35 anos, resolveu seguir carreira na corporação contra a vontade da mãe, Ângela Maria de Sena Freire, de 61 anos. No início da tarde desta quinta-feira, no Cemitério Jardim da Saudade, em Mesquita, ela, ao lado do marido Paulo Roberto Freire, 62, sepultou o filho que foi morto após ser atacado por bandidos na madrugada de quarta, na Avenida Brasil, em Guadalupe.
"Ele sempre quis ter essa profissão. Eu tinha medo, mas respeitava a decisão dele. A única coisa que eu podia fazer era rezar", afirmou a mãe, ao chegar no velório nesta manhã.
Bastante abalado, o pai do soldado da PM não escondia a dor de ter que sepultar o filho. Ele lembrou que Anderson deixa duas crianças (uma menina de 12 e um garoto de seis anos) órfãs. "É muito duro ter que enterrar um filho, ainda mais pela covardia que foi. Ele não teve como se defender e agora deixa dois filhos", diz.
Diversos policiais militares estiveram no velório. Eles prestaram uma homenagem ao colega vestindo camisetas brancas escrito em vermelho "basta", na parte frontal. Nas costas, eles tinham desenhado uma cruz. O comandante-geral da PM, coronel Íbis Silva Pereira, também esteve no cemitério e conversou durante um período com os pais de Anderson.
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“A sociedade precisa se revoltar. A morte de policiais parece ter sido banalizada. Vamos responder a essas mortes com firmeza e respeitando as nossas leis. A paixão é um péssimo conselheiro”, afirmou o oficial, ressaltando que a resposta será um trabalho feito com a razão, e não com a emoção.
Anderson estava retornando para o 41ºBPM (Irajá) ao lado do colega Bruno de Moraes quando foi atacado por marginais. Ele foi atingido na cabeça e Bruno baleado no ombro esquerdo. Segundo a mãe dele, Ângela Maria de Sena Freire, de 61, o filho morto morava com os pais e sabia dos riscos da profissão. Além do irmão, outros três primos também são PMs.
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“Ele sempre quis ter essa profissão. Eu tinha medo, mas respeitava a decisão dele. A única coisa que eu podia fazer era rezar”. O pai do soldado da PM, Paulo Roberto Freire, de 63, teme pelo outro filho que continua na corporação.
“É muito duro ter que enterrar um filho, ainda mais pela covardia que foi. Ele não teve como se defender”, disse. Após o sepultamento, os amigos deram as mãos em volta do túmulo, rezaram e cantaram o hino da corporação. Policiais organizam passeata para o dia 14, em Copacabana. Eles querem buscar medidas que garantam mais segurança ao trabalho nas ruas.