Por marcello.victor
O belga Dominique Marie Philippe Genevieve%2C de 56 anos%2C era professor de Literatura da UFF e foi morto vítima de uma bala perdida na LapaReprodução Facebook

Rio - O professor de Literatura da Universidade Federal Fluminense (UFF), o belga Dominique Marie Philippe Genevieve, de 56 anos, morreu vítima de uma bala perdida, na noite desta terça-feira, num bar na esquina da Avenida Mem de Sá com a Rua dos Inválidos, na Lapa, bairro boêmio do Centro do Rio.

O disparo foi feito por um homem não identificado, que atirou contra Alexandre Augusta Silva, 33, que esfaqueava um homem na calçada. Os dois fugiram. Alexandre invadiu um prédio, mas caiu do nono andar, sobreviveu e acabou preso. A polícia já tem pistas do atirador. A vítima esfaqueada está internada no Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro.

De acordo com o delegado Antonio Bonfim, da 5ªDP (Mem de Sá), um taxista que presenciou o crime prestou depoimento na delegacia. Segundo ele, Alexandre e Antonio Carlos de Sousa, 30, jogavam purrinha - jogo em que se usam pedaços de papel, moedas ou palitos quebrados - no bar Gingin na Avenida Mem de Sá. Sendo derrotado, Alexandre teria iniciado uma discussão com o parceiro de jogo. Ele foi embora, mas jurou vingança prometendo voltar.
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Minutos depois, o acusado retornou com um facão. Antonio correu, mas foi alcançado em frente ao Bar do Chico. Ele foi golpeado duas vezes do lado esquerdo do tórax. Quando se preparava para atingir mais uma vez a vítima, um homem desceu de um veículo preto não identificado. Ele sacou uma arma e atirou para o alto.
Assustado, Alexandre largou Antonio e fugiu correndo. O homem então disparou duas vezes contra ele. Um dos tiros atingiu o professor que estava no bar com um amigo. Ele foi socorrido por uma ambulância que passava pelo local, mas acabou morrendo no Souza Aguiar.
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Segundo um perito da Polícia Civil, o tiro atingiu frontalmente o coração do belga. Antonio Carlos está internado no mesmo hospital. Ele teve o pulmão perfurado pelas facadas e recebeu dois drenos.
Queda do 9º andar e apenas escoriações
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Perseguido por agentes da Operação Lapa Presente que escutaram os disparos na Mem de Sá, Alexandre invadiu o prédio onde mora na Rua Washington Luis, 24, a cerca de 200 metros do local da briga. Ele tentou pular um vão no nono andar que separa o prédio do edifício de número 20 e acabou caindo no mesmo, que tem cerca de meio metro quadrado.
Surpreendentemente, Alexandre sofreu ferimentos leves na queda, mas acabou preso. Ainda segundo o perito, a fiação do sistema interno de TV a cabo e do circuito de segurança acabaram salvando o fugitivo. O episódio surpreendeu os policiais e agentes da Lapa Presente.
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De acordo com Antonio Bonfim, Alexandre tem anotações criminais por ameaça e lesão corporal. Ele foi autuado por tentativa de homicídio. Ainda segundo o delegado, a polícia já tem pistas do homem que fez o disparo que vitimou Dominique. Imagens do circuito de estabelecimentos da região registraram a ação do atirador.
Alexandre Augusta foi preso após saltar do 9º andar de um prédio na Lapa. Ele é acusado de esfaquear Antonio Carlos na briga que culminou com a morte do professor belgaOsvaldo Praddo / Agência O Dia

Belga fechava a conta

Em depoimento na 5ªDP, o ajudante de pedreiro Josué de Jesus, que estava com o professor Dominique no Bar do Chico, contou que eles chegaram no local por volta das 21h. Os dois beberam e uma hora depois pediram a conta.
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Enquanto aguardavam, os dois e outro clientes ouviram o primeiro disparo. Todos se levantaram para se abrigar. Após o segundo tiro, o belga caiu. Josué pensou que o amigo tivesse tropeçado e caído. Só depois ele viu que Dominique respirava com dificuldade e tinha sido baleado no tórax. Ele afirmou que não saber de onde partiu o tiro e disse não ter presenciado qualquer tumulto próximo ao bar.
Ainda segundo Josué, ele e Dominique se conheceram há quatro anos em Aracaju, sua cidade natal, e se tornaram amigos. De acordo com o ajudante de pedreiro, o professor morava no Brasil há 15 anos.
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"Éramos amigos desde que nos conhecemos em Sergipe. Eu costumava passar os finais de semana no apartamento dele aqui no Centro", lamentou o ajudante de pedreiro.
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