Na avaliação de um dos mais respeitados psiquiatras forenses do País, Flavio Jozef, do Instituto de Psiquiatria de Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Sailson não é um doente mental. Ao contrário. Segundo ele, o criminoso tem todos os traços de um serial killer (assassino em série). “Ele não sente culpa, é indiferente à dor do outro, é predador e tem um transtorno de personalidade com forte sadismo. Ele sente imenso prazer pelo sofrimento alheio”, reconhece. Em seu depoimento, Sailson revelou que se excitava quando as mulheres se debatiam antes de morrer.
Autor do livro ‘Homicídio e Doença Mental” e há 30 anos pesquisando psicopatia, Flavio Jozef chama a atenção para outro traço comum entre os matadores em série: o desejo de demonstrar a própria força, matando suas vítimas por esganadura ou a facadas. O método foi adotado pelo assassino da Baixada. Policiais pediram às famílias que perderam parentes estranguladas que procurem a Divisão de Homicídios. Sailson só matava mulheres brancas. A escolha, segundo o psiquiatra, tem motivo.
“É uma questão de empatia muito usada pelo serial killer. Cada um tem um tipo de vítima que se torna o alvo preferencial”, constata. Na opinião de Flavio Jozef, Sailson terá que ser avaliado por um psiquiatra. Para o especialista, mesmo os leigos podem perceber os sinais de um psicopata. “Eles são mestres em enganar e mentir. A palavra é a principal arma. A maioria dos psicopatas não mata. Mas vive de arrasar as pessoas emocionalmente e financeiramente. Muitos atraem mulheres pela internet”, alerta.
Jozef lembra que ao contrário dos doentes mentais, serial killers não têm cura. “No Brasil não existe prisão perpétua. Não sei como a Justiça fará, pois assassinos em série não podem ficar livres. Eles são irrecuperáveis. Se forem soltos, voltarão a matar”, afirma o especialista.
Mulher explorava lado perverso
A série de assassinatos de Sailson também foi alimentada pela relação com a mulher, Cleusa Balbina. Ela explorava o lado perverso do Monstro de Corumbá e incentivava o ex-marido, José Messias, a participar de crimes. O depoimento dado pelos três mostra que ela dominava o triângulo amoroso e os usava em proveito próprio.
“Cleusa mandava na relação. Sabendo do poder que tinha e da vontade que Sailson tem em matar, ela começou a encomendar a morte de desafetos”, explicou Luis Otávio.
Os serial killers dos Eua
Pai de família, casado três vezes, com filhos e emprego fixo. Um homem acima de qualquer suspeita. Assim era a vida de um dos mais famosos serial killers americano, Gary Ridgway até ser preso e ficar mundialmente conhecido como o assassino do Rio Verde. Gary começou a matar mulheres em 1982, no estado de Washington, mas só foi descoberto 19 anos depois. Foi condenado por 48 assassinatos confessados por ele. Número semelhante de mulheres que Sailson disse ter matado.
No caso do matador americano, a polícia estima que o número de vítimas pode ter chegado a 80. Ele se tornou o assassino em série com maior número de crimes oficialmente creditados a seu prontuário — outros podem ter matado mais, mas nenhum foi levado a julgamento por tantos homicídios. Ele foi condenado à prisão perpétua.
Como Gary, Theodore Robert Cowell, o Ted Bundy, era o que se pode chamar de lobo em pele de cordeiro. Era um homem charmoso, comunicativo e sedutor. Qualidades que o ajudaram a eliminar dezenas de mulheres,nos anos 70. Ele estuprava antes de matar suas vítimas. Foi preso, fugiu e continuou a matar naquela noite — da mesma forma que Sailson prometeu fazer se sair da cadeia.
Ted Bundy foi julgado e condenado pela Corte Americana à pena de morte por eletrocução. O júri demorou 15 minutos deliberando sobre o veredito. Executado em 24 de janeiro de 1989, Bundy ainda foi alvo de uma ironia no dia de sua morte: foi uma mulher quem ligou a chave da cadeira elétrica que pôs fim à sua vida. Ted admitiu que tinha “ apetite insaciável por pornografia violenta”.