Por thiago.antunes
Rio - Quando recusou-se a ajudar a mulher de Sailson José das Graças, o Monstro de Corumbá, Fátima Miranda não poderia imaginar que estaria assinando sua sentença de morte. Por esse crime, ocorrido em Nova Iguaçu, a Justiça decretou ontem a prisão preventiva dele, de Cleusa Balbina de Paula e José Messias. De acordo com a Polícia Civil, Sailson era companheiro de Cleusa, que, por sua vez, teve relacionamento com Messias. O trio vivia na mesma casa no bairro de Corumbá, em Nova Iguaçu.
De acordo com a investigação, o assassinato foi encomendado a Sailson depois que Fátima, de 62, se negou a ser testemunha de Cleusa na Justiça para conseguir a guarda da neta, de 2 anos. Segundo o delegado Luis Otavio, da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), Cleusa disse que pretendia ser inserida em programas de distribuição de renda. “Ela falou que queria ficar com a neta para conseguir ser incluída em algum programa de benefícios sociais”, explicou o delegado.
Sailson responde por sete mortes e quatro tentativas de homicídioSeverino Silva / Agência O Dia

O plano de Cleusa também foi confirmado por vizinhos, que preferem não ter o nome revelado por questão de segurança. Eles afirmaram que Cleusa comentou que a criança não era bem cuidada pela ex-nora e, por isso, queria cuidar da menina. “A Fátima morava perto da ex-mulher do filho da Cleusa. Por isso, a Cleusa queria que ela fosse testemunha para dizer na Justiça que a neta não era bem criada”, contou uma vizinha.

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Cleusa e Fátima eram amigas. Mas a proximidade acabou depois que Fátima parou de beber e entrou para uma igreja no meio do ano passado. O irmão da vítima, Luiz Carlos Moraes, disse que as duas haviam discutido e pararam de se falar. “Depois que minha irmã se afastou, elas se desentenderam. A Fátima não disse o que houve entre as duas”,contou Luiz. Fátima foi encontrada morta a facadas em casa no dia 9.
De acordo com a decisão judicial sobre a prisão, a investigação da Polícia Civil aponta uma complexa trama desenvolvida pelos três indiciados e que os elementos colhidos até então revelaram a necessidade da prisão preventiva, por conta do risco à ordem pública. “A prisão tem por finalidade garantir a futura aplicação da lei penal, além de ser necessária para a ordem pública”, escreveu o juiz Alexandre Guimarães Gavião Pinto, da 4ª Vara Criminal de Nova Iguaçu, em despacho assinado na segunda-feira.
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‘Matar alguém é trabalho como todos os outros’
No depoimento de Sailson, usado pelo juiz para decretar a prisão preventiva dos três, o Monstro de Corumbá afirmou que matou Fátima a pedido de Cleusa e José Messias, em troca de roupas e comida. “Ele disse que estava acostumado a matar pessoas a facadas por indicação de Cleusa, e que, se não matasse, estaria ferrado, pois quem bancava a casa eram ela e o José. Que Cleusa já tinha colocado de forma tácita que quem nada faz, não merece ficar na casa; que ele entende que matar alguém é um trabalho como todos os outros”, informou o trecho.
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Como José não conseguiu atrair Fátima para beber cerveja, Sailson invadiu a casa da vítima por volta das 4h, e às 5h30, quando Fátima abriu a porta de casa, desferiu de sete a nove facadas no peito da vítima. Tanto José quanto Sailson seguiram ordens de Cleusa.
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