Duas mulheres, internadas na enfermaria 13 da Clínica Médica, não suportaram a situação e se uniram para recolher o lixo do local. “Eu estou com infecção e cálculo renal e falei para o médico: se é pagar pegar bactéria, prefiro ir para casa e ficar só com a que eu tenho na minha infecção”, disse a manicure Luciana Magno, 33, moradora de Maricá.
“A minha vizinha de cama e eu tiramos o lixo, mas fico com medo. Ela está fazendo diálise”, relatou a manicure sobre Taianne Oliveira, 19, que estava ligada à máquina de hemodiálise e não pôde falar com O DIA, mas mandou dizer que desconfia que, pelos relatos dos médicos que a atendem, adquiriu infecção hospitalar na unidade.
O Sindicato dos Médicos entra na segunda-feira com uma queixa-crime no Ministério Público do Estado do Rio por causa da situação do Hupe. “Diante da situação calamitosa e a incapacidade de gestão pública, é o que nos cabe fazer contra a Reitoria da Uerj, a Secretaria estadual de Saúde, o governo do estado e, subsidiariamente, o Ministério da Saúde, já que há verba federal nesse hospital que tem a importância de ser formador de recursos humanos, área de pesquisa e atendimento de alta complexidade. É um absurdo”, criticou o presidente do sindicato, Jorge Darze.
Para o presidente do Sindicato dos Médicos, Jorge Darze, o problema pode ser ainda maior. “Se há problema na limpeza, o que é gravíssimo no tocante ao controle de infecções hospitalares, pode muito bem haver problema também na alimentação e na segurança”, questionou.
Enquanto trabalhadores e pacientes internados do Hospital Universitário Pedro Ernesto convivem com lixo e sangue, o reitor Ricardo Vieiralves de Castro e o diretor da Construir Arquitetura, Júlio Diniz, que presta o serviço de limpeza, discutem sobre as responsabilidades de cada um.