Por paloma.savedra
Rio - Para ajudar a desmantelar as quadrilhas envolvidas com o tráfico de drogas no Rio e em Teresópolis, a Polícia Militar colocou policiais infiltrados entre os criminosos no município da Região Serrana. Desde agosto, os PMs do 30º BPM (Teresópolis) 'recebiam' dos traficantes propina de até R$ 4 mil por semana para supostamente deixá-los agirem livremente.
Tenente-coronel Antonio Jorge Goulart%2C da Coordenadoria de Inteligência da PM divulgou detalhes da ação dos traficantes durante coletiva nesta sexta-feiraSeverino Silva / Agência O Dia

Segundo o promotor do Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado do Ministério Público (Gaeco), Fábio Miguel de Oliveira, a ação fez com que o tráfico acreditasse na facilidade de atuação no local. "O tráfico via Teresópolis como uma mina de ouro", afirmou Oliveira. 

Nesta sexta-feira, 20 pessoas foram presas - sendo 15 em Teresópolis e cinco no Rio - durante a Operação Mandrake, coordenada pelo Gaeco e a Coordenadoria de Inteligência da Polícia Militar e com objetivo de desarticular as quadrilhas, que atuavam nas duas regiões. No Rio, os traficantes tinham forte atuação no Morro da Providência, no Centro. Um homem, identificado como Jefferson Faria, morreu ao tentar fugir da polícia pulando do telhado. No entanto, desde o início da investigação, que começou há oito meses, 22 prisões já haviam sido feitas.

'Gordão' chefiava o tráfico de drogas no Morro da Providência%2C e%2C mesmo preso%2C atuava na quadrilha%2C através de familiares e advogadosDivulgação

Foram apreendidos ainda 16 quilos de cocaína; quatro quilos de maconha; um fuzil; uma pistola 9 milímetros; um revólver; 104 munições e R$ 16 mil, que seriam pagos a PMs infiltrados como propina. Também foram apreendidos três carros e 17 motos. 

"Essas apreensões deixaram claro que a tentativa do tráfico é ampliar sua rede de venda de drogas na Região Serrana. Essa quadrilha foi enfraquecida, não podemos dizer que vamos acabar com o tráfico, mas esse grupo levou grande baque", disse o tenente coronel Antonio Jorge Goulart, coordenador de inteligência da PM, afirmando ainda que os traficantes coordenam o tráfico de dentro dos presídios: "Infelizmente, nossos presos continuam, através de celulares, familiares e advogados, comandando o tráfico de drogas, mesmo dentro do presídio". 

Os chefes das quadrilhas já estavam presos, porém, segundo o Gaeco, continuavam controlando o tráfico de dentro das prisões. João Firme de Siqueira Filho, vulgo 'Coroa' e 'João do Vale' comandava o crime em Teresópolis. Já André Gonçalves, conhecido como 'Gordão', no Morro da Providência no Rio.

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De acordo com o promotor Fábio Miguel de Oliveira, eles devem ser transferidos para presídios diferentes. Porém, ainda não há confirmação para qual unidade eles serão encaminhados.
Prisões levaram criminosos a mudar forma de atuação
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De acordo com o promotor do Gaeco, após as primeiras prisões, os traficantes mudaram o modus operandi. Enquanto eles inicialmente 'abasteciam' o tráfico de Teresópolis enviando drogas em bagageiros de ônibus, depois, eles passaram a transportar pasta base de cocaína em partes íntimas de mulheres, além de drogas dentro de cilindros de gás.
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A operação teve o apoio da Coordenadoria de Segurança e Inteligência do MPRJ (CSI/MPRJ) e da Polícia Civil e contou com cerca de 400 agentes. Foram cumpridos ainda 73 mandados de busca e apreensão em comunidades do Rio, Teresópolis e também no Complexo Penitenciário de Bangu.
As buscas foram realizadas nas comunidades de Quinta Lebrão, Fonte Santa e Álvaro Paná, em Teresópolis; e na Providência, que fica na Região Portuária, Mangueira e Morro de São João, ambas na Zona Norte, estas três da capital contando com Unidades de Polícia Pacificadoras (UPPs).
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