Por paloma.savedra
Rio - O Ministério Público do Rio oferecerá denúncia, nesta terça-feira, contra o policial militar Márcio José Watterlor, pela morte da adolescente Haíssa Vargas Motta, de 22 anos, no dia 2 de agosto de 2014, em Nilópolis, na Baixada Fluminense. De acordo com a 9ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal (PIP), o policial será denunciado pelo crime de homicídio doloso. 

O caso ganhou repercussão com a divulgação de um vídeo feita pela revista Veja, neste final de semana. Haíssa foi assassinada em uma ação desastrosa da PM no município. Eles alvejaram o carro onde a jovem estava e ela foi atingida. Nas imagens, os PMs reconheceram o erro ao atirar no carro onde estava Haissa.

Pai de Haíssa, Ironildo Motta chamou os PMs responsáveis pela morte de Haissa de "bandidos": "Foi triste ver a incompetência da polícia, o despreparo deles. Porque eles agiram como verdadeiros marginais, verdadeiros bandidos. O que acontece é que eles não souberam interceptar, não havia necessidade de alvejar o carro do jeito que eles fizeram. Num país tão democrático como o nosso, cheio de regras e só pagam os pobres. É justamente a lei que nos mata, aqueles que são para nos proteger, são aqueles que nos matam", disse Ironildo em entrevista para a rádio CBN.

No vídeo divulgado pela revista Veja%2C os PMs reconheceram o erro ao atirar no carro onde estava Haissa%3A 'Não justifica ter dado o tiro'Reprodução Vídeo

PM efetuou nove disparos contra o veículo onde estava jovem

O vídeo mostra o início da perseguição ao carro onde Haissa e mais três amigos estavam e quando o policial militar Márcio José Watterlor Alves disparou nove vezes contra o veículo. O pai da jovem revelou que havia conversado com ela horas antes da tragédia e que tinha pedido para ela ter cuidado com a violência.

"No dia anterior que foi numa sexta-feira, eu tinha conversado com ela, era umas 9h30 da noite. Ela estava numa festa e eu disse: 'poxa filha, vai para casa. Cuidado na rua'. Quando foi no sábado de manhã, a triste notícia que a minha filha tinha sido alvejada por policiais", lamenta.

Haissa Vargas Motta%2C de 22 anos%2C morreu após perseguição no último final de semana%2C em Nilópolis%2C na Baixada FluminenseReprodução Facebook

Mesmo após cinco meses da morte de Haissa, Ironildo diz que sua família ainda sofre com a tragédia. "Até hoje nós estamos sofrendo. A minha mulher está doente em cima da cama. Ela não consegue se recuperar disso (morte da filha). Ela está com uma depressão profunda. A minha caçula quase perdeu o emprego. Ela não consegue ir trabalhar. Eu estou mais fraco do que elas, mas tenho que me mostrar forte", afirma.

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'Não justifica ter dado o tiro', disse um dos PMs
O PM Márcio José e o outro colega alegam que perseguiam um carro quando suspeitaram do carro em que Haissa e os amigos estavam. Eles deram sinal para que o veículo parasse, como o pedido não foi obedecido, Márcio José disparou contra os ocupantes do automóvel. Ao seguir para o hospital onde a jovem foi encaminhada, eles reconheceram o erro ao conversar com duas amigas da vítima: "Não justifica ter dado o tiro. Nós vamos responder por todos os nossos atos", diz um deles.
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De acordo com a Polícia Militar, desde o fato os PMs estão afastados de suas funções e respondem a um Inquérito Policial Militar (IPM) que está em fase de conclusão. O PM Márcio José, autor dos disparos, foi indiciado pelo crime de homicídio doloso, quando há intenção de matar.