Por thiago.antunes
Rio - Uma linha direta dos comandantes de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) com o Comando de Operações Especiais (COE) vai formar cinturão de segurança nos grandes confrontos com criminosos. Os quase dez mil policiais que atuam nas UPPs passarão ainda por novo treinamento com instrutores do Batalhão de Operações Especiais (Bope). Eles vão fazer curso de autoproteção nas áreas de atuação.
Foi o que anunciou o comandante da PM, coronel Alberto Pinheiro Neto. Focado em recuperar a credibilidade da corporação, o oficial tem projetos, como promover reavaliação do uso de armas pelos 50.201 PMs, e garantir curso de tiro. O ‘caveira’ será duro no combate à corrupção e garantiu reforço à Corregedoria. E trata a atuação da máfia da saúde, que desviou quase R$ 20 milhões, como ação hedionda.
'Vamos reconstruir a Polícia Militar'%2C garante Pinheiro NetoAlexandre Brum / Agência O Dia
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O DIA: O senhor assume o comando em meio a uma crise. Há casos de corrupção, atuação violenta e mortes de policiais. Quais os projetos ?
Pinheiro Neto: O ponto principal é recuperar a credibilidade junto à população. Há fraudes, corrupção e desvios de conduta. Todo esse processo levou ao desequilíbrio administrativo e operacional. Mas vamos reconstruir a Polícia Militar. Montamos equipes que foram submetidas ao crivo do Serviço de Inteligência. Na PM, a maioria é de gente honesta e trabalhadora. Escolhemos profissionais sérios, empreendedores e com motivação para compor a cúpula, serem subchefes de áreas e diretores administrativos.
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E com relação às UPPs? Muitos policiais foram mortos e há constantes confrontos...
Os quase dez mil policiais que atuam em UPPs vão passar por novo treinamento. Eles vão fazer curso de uma semana com instrutores do Bope de como sobreviver em situação de risco. Vão aprender tática de autoproteção e proteção aos moradores das comunidades. É preciso ficar claro que o policial que atua nessas unidades têm a missão de fazer o trabalho de proximidade com os moradores.
'Cabines blindadas podem ser reinstaladas em UPPs. O que não quero é cabine desocupada'Alexandre Brum / Agência O Dia

E as constantes trocas de tiros?

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Vamos fazer o Comando de Operações Especiais (COE) voltar a ser a força de intervenção, para o policial que faz o trabalho de proximidade, essência da UPP, não entrar mais em confronto. As unidades do COE estão prontas para dar apoio e, dependendo da necessidade, o comandante da UPP pode acionar o Bope, o Choque, o Batalhão de Cães. Vamos deixar que essas unidades façam as intervenções necessárias, para as quais são treinadas. Teremos também o retorno das grandes operações nessas áreas.
Muitos policiais reclamam que recebem pouca instrução de tiro.
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Ainda está em estudo. Mas o objetivo é que todos os policiais da corporação sejam reavaliados. Quem for identificado abaixo do critério será submetido a novo treinamento.
Há projeto para as cabines abandonadas?
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Estamos fazendo um diagnóstico. O objetivo é manter as que são consideradas estratégicas e transferir as que não estão em uso para outros lugares. Muitas cabines blindadas podem ser reinstaladas em áreas de UPPs. Podemos ainda adotar parcerias com outros órgãos. O que não quero mais é cabine desocupada.
Como seria a parceria com outros órgãos?
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Em Niterói há parceria com a prefeitura, por exemplo. As cabines são usadas pela Guarda Municipal.
E com relação às vias expressas?
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Está sendo analisado cada ponto com cabine. De imediato, reforçamos o policiamento com o BPVE e o Choque, que usa motociclistas, e empregamos helicóptero.
Como o senhor avalia a onda de arrastões?
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Temos um número grande de policiais atuando na Operação Verão e vamos redistribuir o efetivo para pontos de ônibus e outras áreas de acesso à orla. Mas, às vezes, nada acontece, e as pessoas têm medo, correm. É preciso reconstruir na população a sensação de segurança. Apagar a memória traumática de outras épocas.
'Há fraudes%2C corrupção e desvio de conduta%2C mas vamos reconstruir'Alexandre Brum / Agência O Dia

O Ministério Público determinou que menores só podem ser apreendidos em flagrante. Mas muitos que ficam nas praias participam de arrastões.

Trabalhamos dentro de um limite, com respaldo legal. Temos que cumprir a determinação. Se no futuro tiver uma mudança melhor, poderemos agir.

Mas e os desvios de conduta e a corrupção?
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Vamos reforçar o efetivo da Corregedoria. No ano passado, eram oito relatores de Inquéritos Policiais Militares (IPMs). Agora são 18. Vamos fazer um mutirão com mais policiais para solucionar as investigações.
A PM tem um dos maiores escândalos de corrupção na área da Saúde. Na semana que passou, 11 oficiais foram responsabilizados.
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O que aconteceu com os recursos do Fundo da Saúde da PM (Fuspom) foi uma ação hedionda. Um serviço que atende 230 mil pessoas foi falido. Se desviar R$ 5 faz falta. Chamamos técnicos para rever a questão e decidir a melhor forma de controle e prevenção. Esse desvio de recurso é comparado aos que foram identificados na tragédia provocada pelas chuvas na Região Serrana.
E por falar em estratégia de controle, como será feito isso na questão de distribuição da gasolina ?
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Houve uma falha na entrega do combustível feito pela distribuidora. Há controle na distribuição de armas e combustível também. Mas estamos fazendo monitoramento para identificar aumento, que será investigado. Há grandes gastos em luz, telefone e combustível. Vamos cortar os excessos, como acontece na casa de qualquer pessoa.
Para o senhor, agora o exemplo vem de cima?
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Sim. Escolhemos os policiais para os lugares certos.
E quando a população vai começar a sentir os efeitos nas ruas?
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Aos poucos, os batalhões vão receber suporte para reorganizar a parte operacional. Vamos reverter o quadro de instabilidade. As palavras de ordem são interação e cooperação. Por exemplo, nos últimos 30 dias, período de transição do antigo comando para o atual, caiu.
O QG vai ter nova sede?
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No Batalhão de Choque. Será construído na parte dos fundos do terreno. Teremos mais novidades, como a construção de batalhões e do complexo de ensino dentro do Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (Cfap). E vamos levantar a sede do Comando de Operações Especiais, em Ramos, um projeto grandioso, mas que ficou guardado durante cinco anos.
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