Por marcello.victor
Rio - Subiu para 22 o número de vítimas civis feridas por balas perdidas em apenas 12 dias no Rio e na Região Metropolitana. Quatro foram confirmadas pela polícia nesta quarta-feira. À noite, um alpinista industrial, de 28 anos, foi ferido no ombro na ciclovia da Estrada Leopoldo Fróes, que liga Icaraí a São Francisco, na Zona Sul de Niterói.
O incidente com a mais recente vítima de bala perdida ocorreu por volta das 21h39, durante uma perseguição de policiais do 12º BPM (Niterói) a bandidos que tinham roubado um carro. Segundo o alpinista industrial, que pediu para não ser identificado, ele e um amigo desciam de bicicleta pela ciclovia da Estrada Leopoldo Fróes quando o Voyage prata, placa KRF-1515, invadiu a pista exclusiva em alta velocidade atirando. O ciclista foi ferido no ombro esquerdo. O amigo dele foi atropelado.
Um homem de 28 anos%2C que não quis se identificar%2C foi a 22ª vítima de bala perdida no Estado em apenas 12 dias. Ele andava de bicicleta em Niterói quando foi atingidoReprodução / TV Globo

Eles foram socorridos por guarnições da PM que perseguiam o carro roubado desde o bairro do Gragoatá, a cerca de seis quilômetros do local. O veículo foi encontrado abandonado em um dos acessos ao Morro do Cavalão, que fica perto da via. Após ser medicado no Hospital Estadual Azevedo Lima, a vítima prestou depoimento na 77ª DP (Icaraí), onde o caso foi registrado. Ele disse que não teve poder de reação para se proteger.

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"Foi tudo muito rápido. Não deu tempo de planejar nada. Quando vi o carro invadiu a ciclovia sendo perseguido pela PM e fui ferido. A gente nunca pensa que esse tipo de coisa vai acontecer com a gente, que vamos entrar para uma estatística criminal. Só quando ocorre esse tipo de coisa com um conhecido ou com alguém da nossa família. Não está seguro de se viver aqui", analisou o ciclista.
Ele disse que rotineiramente corre ou se exercita andando de bicicleta na Zona Sul de Niterói, onde mora. O amigo dele sofreu escoriações.
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Motorista é baleado e polícia confirma outros dois casos
Também nesta quarta-feira, o motorista de ônibus Márcio de Lima foi atingido quando dirigia o coletivo pela Avenida Nelson Cardoso, na Taquara, e a 39ª DP (Pavuna) também confirmou que investiga as circunstâncias do ferimento à bala que atingiu as costelas de um menino, identificado apenas como Diego, de 6 anos, na noite de domingo, em Costa Barros. No dia 19, o ajudante de caminhão Gilmar Ribeiro da Silva, 26, foi atingido no braço dentro de um ônibus em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.
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A tentativa de saidinha de banco nesta quarta-feira, na Taquara, deixou, além do motorista atingido pelo tiro, outras duas pessoas feridas por estilhaços de vidro de uma lanchonete, quebrado por balas. Os feridos foram levados, segundo a Polícia Militar, para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Taquara e estariam fora de perigo.
Ainda segundo a PM, a tentativa de assalto ocorreu por volta das 12h, quando dois homens em uma moto seguiram um pessoa que deixou uma agência bancária na Rua Bacairis. O homem entrou em um posto de gasolina para fugir e os bandidos trocaram tiros com um desconhecido. A Polícia Civil investiga se a reação foi do segurança do posto. A vítima da tentativa de assalto não foi atingida e os bandidos fugiram.
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Houve correria e tumulto, pois a região é muito movimentada. Segundo o comandante do 18º BPM (Jacarepaguá), tenente-coronel Rogério Figueiredo de Lacerda, equipes do batalhão realizaram buscas durante todo o dia, mas não conseguiram prender a dupla. Imagens de câmeras de região serão checadas por agentes da 32ª DP (Taquara) para tentar identificar os atiradores.
O menino Diego foi baleado no mesmo confronto entre traficantes que também feriu a adolescente Lilian Leal de Moraes, de 13 anos, na perna. Ele brincava na porta da casa da bisavó, na Rua Manhama, e foi socorrido por parentes. O garoto ainda está internado no Hospital Municipal Jesus, em Vila Isabel e, segundo parentes, estaria fora de perigo.
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Os repetidos casos de balas perdidas já deixaram pelo menos três mortos, dois deles, crianças. No dia 16, Larissa de Carvalho, de quatro anos, morreu após ser atingida por um disparo na cabeça, em Bangu, quando saía de um restaurante com dez parentes. O tiro que a atingiu veio de cima e entrou pelo alto da cabeça da menina, que morreu na hora.
Dois dias depois, o menino Asafe William Costa de Ibrahim, de 9 anos, foi baleado no olho dentro do Sesi de Honório Gurgel. Domingo, na Rocinha, Adrienne Solan do Nascimento, 21, morreu ao ser baleada no peito e no braço, em confronto entre PMs e bandidos. Ela foi enterrada terça-feira e parentes levaram cartazes pedindo paz.
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Dois policiais são baleados
PMs da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Alemão ficaram encurralados ontem por traficantes que atiraram contra a base de policiamento, segundo relatos dos próprios militares feitos ao WhatsApp do DIA (98762-8248). O soldado Adolfo Jatahy foi ferido no rosto e socorrido no Hospital Getúlio Vargas, na Penha, e está fora de perigo. Com ele, são quatro PMs da região feridos a tiros ou a estilhaços em três dias.
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Em nota, a Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP) negou que o caso fosse um ataque à base. De acordo com o órgão, Jatahy abordava um homem em um bar, perto da Avenida Central, quando um suspeito que estava em um beco ao lado atirou. “Havia, neste momento, um confronto entre policiais e bandidos no Chuveirinho, perto da Nova Brasília”, concluiu a nota.
A manhã de quarta-feira foi de tiroteio no Alemão, segundo relatos de moradores em redes sociais. O teleférico chegou a ter a circulação interrompida por risco de balas perdidas. Uma foto, compartilhada em grupos de policiais militares em redes sociais, mostra os agentes tentando se abrigar dentro da base da UPP, no momento dos disparos. Alguns se jogaram no chão. Na imagem, também se vê um homem de camisa branca sendo socorrido.
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Na madrugada de segunda-feira, um policial da UPP, identificado apenas como soldado Emanuel, ficou ferido por estilhaços na perna. Pela manhã, durante patrulhamento, os soldados Uziel e R. Machado foram baleados.