Rio - A intolerância religiosa ataca mais uma vez. Agora, o alvo foi um terreiro de umbanda no Cachambi, na Zona Norte. Cristina Fernandes, dirigente do Templo à Caminho da Paz, disse que vizinhos viram um homem arrombar a porta por volta das 7h30 desta quarta-fera. Ao entrar no local, ela encontrou as imagens das entidades destruídas. A perícia foi feita e o caso foi registrado na 23ª DP (Méier).
Cristina disse que nada foi roubado no espaço, que fica na Rua Manoel Alves 150, e acredita que a pessoa que quebrou as imagens já conhecia a crença. "Perto das entidades tinha dinheiro, na sala tinha computador, então não era um ladrão. Quem fez essa crueldade atacou nossos santos para nos enfraquecer", acredita.
De acordo com vizinhos, um homem negro de estatura mediana vestindo camisa do Brasil forçou a entrada com um cabo de vassoura. Ele quebrou os dois locais de oração. As duas câmeras de segurança do local estavam em manutenção no momento da invasão, e por isso não há registros.
O delegado da 23ª DP, Luiz Archimedes Gomes de Azeredo, acredita que o altar do centro, com imagens de Pai Cipriano e Vovó Catarina, só não foi destruído pelo homem porque as duas câmeras estão apontadas para o local, o que teria afastado o criminoso. "Nós estamos procurando vizinhos que tenham visto e queiram falar para chegarmos ao autor do crime", informou o delegado.
Homem teria ido antes ao local
A dirigente do espaço também informou que frequentadores do culto disseram ter visto na noite terça-feira, durante uma sessão, um homem com as mesmas características relatadas pelos vizinhos. "As meninas disseram que um homem que nunca ninguém tinha visto aqui apareceu, ficou andando de um lado para outro, olhando ao redor e foi embora em seguida", disse Cristina.
Membro da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa da Alerj, o deputado Átila Nunes vai se encontrar com o delegado José Pedro da Silva, diretor do Departamento Geral de Polícia da Capital da Capital (DGPC) e pedir audiência com o secretário de Segurança do Rio José Mariano Beltrame.
"Estamos lidando com radicais religiosos travestidos de evangélicos. Esses fanáticos compõem milícias neopentecostais cujo maior objetivo é invadir terreiros umbandistas e obterem repercussão na mídia", disse o deputado. "Se não agirmos e levarmos à cadeia esses fanáticos brasileiros, teremos em breve casos de agressão física e até mortes", alertou o deputado.
Apesar de dois vizinhos terem relatado o caso, Cristina disse que muitos outros não gostam do fato de o centro de umbanda ser ali. Ela diz que eles reclamam do barulho. "Antes, aqui era uma casa de festas e fazia bastante barulho, mas ninguém reclamava", disse a dirigente do centro, com 4 anos de funcionamento.