Por adriano.araujo

Rio - O que prometia ser um domingo de folia para Igor Maragony, de 26 anos, junto com o seu filho de apenas 3 anos, acabou terminando em agressão e delegacia. Ele alega ter sido agredido com um golpe de cassetete no nariz por três guardas municipais durante o desfile do Bloco da Preta, no Centro do Rio, após questionar uma ação dos agentes contra um ambulante. No fim das contas, ao chegar para registrar o caso na delegacia, acabou descobrindo que tinha sido autuado por desacato.

Jovem agredido por guardas municipais no bloco da Preta%2C neste domingoarquivo pessoal

Segundo Igor, ele e o filho estavam afastados do tumulto do bloco esperando a irmã e a namorada quando presenciaram, juntamente com outras pessoas, um guarda municipal apreender bebidas de um ambulante. Entretanto, mesmo após tomar o produto do vendedor, o agente o empurrou com violência, provocando a revolta de quem estava próximo, entre eles Igor.

"Minha reação foi gritar, falar que era covardia. Então ele me xingou e saiu andando." Mas segundo a vítima, o guarda voltou logo depois com outros dois agentes que o encurralaram e foi agredido por um deles com um golpe de cassetete no nariz.

"Eles voltaram logo depois e me agrediram. Meu nariz estava sangrando muito, me sujou e sujou meu filho", disse. "As pessoas chegaram a me pedir antes da agressão que eu saísse dali, pois eles eram covardes, mas continuei no mesmo lugar, pois não estava fazendo nada de errado."

Após ser agredido, Igor procurou uma viatura da PM para ajudá-lo. Ele foi levado para a 4ª DP (Praça da República), mas foi pedido para encaminhá-lo para uma emergência para tratar da lesão no nariz. Após ser atendido, seguiu para a 5ª DP (Mem de Sá), que mandou ele retornar para a 4ª DP. Quando enfim foi atendido na delegacia, descobriu que já havia um registro de ocorrência contra ele por desacato a autoridade.

"Fui apresentar queixa por agressão e quando me chamaram estava sendo autuado por desacato a autoridade. Disseram que nem o boletim poderia abrir e, se eu me negasse a assinar, seria preso. Em momento nenhum me deram voz de prisão, se eu não tivesse procurado a delegacia para denunciar jamais seria autuado", disse, indignado.

Guarda disse que golpe foi 'acidental'

Na queixa feita pelo guarda municipal Alexandre de Souza Ferreira, com o testemunho de um outro agente, ele alega que a lesão no nariz de Igor foi provocada pelo cassetete foi 'acidental' e que foi o agredido que o xingou. "Se eu não tivesse com o meu filho aqui eu te metia a porrada", diz um trecho do registro de ocorrência feita por Alexandre.

Ainda segundo o relato do guarda, após retornar como os outros guardas, Igor teria tentado encorajar outras pessoas contra os agentes e que, neste momento "Igor sofreu um pequeno corte ao esbarrar no bastão do declarante". O R.O ainda diz que Igor usou a roupa do filho para limpar o sangue e incitar ainda mais quem estava no local.

Igor nega todas as acusações."Ele disse que 'acidentalmente' teria batido com o cassetete. Tenho testemunhas que viram e estavam presentes. Se não tivessem elas no local, teria apanhado mais. Eu estava com meu filho, jamais arrumaria confusão com ninguém" disse. Um supervisor, que teria presenciado a agressão, só teria procurado o jovem após a PM ser acionada. "Ele veio dizer que ia prestar assistência e me levar no médico, mas só depois que eu falei com os policiais."

Caso será investigado pela Polícia e Guarda Municipal

Procurada, a Polícia Civil informou que a 4ª DP (Praça da República) abriu inquérito para apurar o caso. Segundo a polícia, Igor foi encaminhado para exame de corpo de delito e a delegacia apura se houve lesão corporal contra ele. A ocorrência será encaminhada ao Juizado Especial Criminal (Jecrim).

Já a Guarda Municipal afirmou, por meio de nota, que a denúncia de Igor será encaminhada para a Corregedoria da GM-Rio, "para que seja verificado se houve excesso ou agressão por parte dos agentes". 




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