Por paloma.savedra

Rio - Após decidir cancelar o desfile das escolas de samba de Nova Iguaçu, realizado na Via Light, devido ao acidente que matou três foliões eletrocutados, na madrugada desta terça-feira, o secretário de Defesa Civil do municípío, Luiz Antunes, afirmou que estudará as falhas que ocorreram. Membro também da comissão de Carnaval do município, Antunes lamentou o fato e garantiu que o problema não se repetirá no próximo ano. 

Carnaval de Nova Iguaçu é suspenso devido a acidente

"Estamos todos consternados, muito tristes. Entendemos que foi um acidente e não tem como reescrever", declarou o secretário, que completou: "Por ali outras agremiações já haviam passado e nada aconteceu. Temos que estudar uma maneira diferente para o próximo e outros carnavais. O fato já aconteceu, agora é apurar como se deu essa falha. Mas não podemos garantir que foi uma falha da escola, houve realmente um fato acidental". 

Membros da Escola de Samba Palmeirinha foram eletrocutados quando empurravam o carro alegórico que simbolizava espiritualidade Fabio Gonçalves / Agência O Dia

Ele lembra que toda a Comissão de Carnaval do município corroborou com a medida de cancelar os desfiles. Segundo ele, a comunidade está muito abalada. No domingo, o secretário já havia suspendido os desfiles, devido à forte chuva que caiu na cidade.

Fernando Antônio da Silva, 30 anos, Edson Jacinto Faustino, de 44, e Lauro Esperança da Silva, 42, chegaram a ser socorridos no Hospital da Posse mas morreram logo em seguida. Uma quarta vítima, o menor Pedro Henrique Santos Barbosa, de 12 anos, ficou ferido no acidente. Ele sofreu queimaduras nos braços, foi atendido na emergência pediátrica, foi submetidos a exames e recebeu alta no início da manhã.

Familiares e carnavalescos reclamam de falta de atenção da prefeitura

Apesar de o secretário afirmar que há diálogo entre os representantes do Carnaval da cidade e a prefeitura, o presidente da Associação de Blocos e Escolas de Samba de Nova Iguaçu (abesni), Renato Pessoa criticou a estrutura montada para os desfiles e a falta de diálogo entre as agremiações e a prefeitura. "A gente tinha que ter uma pessoa da prefeitura orientando se podia passar um carro ali ou não. Não tinha estrutura nenhuma, a gente fica jogado ao vento. Se eles nos buscassem para mais parceira nesse sentido talvez isso não teria acontecido", afirmou.

Muito abalada, Tatiane Neiva, que era esposa de uma das vítimas, Fernando da Silva, foi ao Instituto Médico Legal (IML) de Nova Iguaçu. Ela denunciou a demora no socorro das vítimas. "A dor que eu estou sentindo a minha filha vai sentir. A ambulância demorou 20 minutos para chegar ao local e só tinha um médico para atendê-lo. Se ele tivesse sido socorrido antes, talvez estaria vivo agora. Como deixam isso acontecer no Carnaval de uma cidade tão grande como Nova Iguaçu? É revoltante, era eu e ele para tudo", disse ela, consternada. 

Esposa de Fernando da Silva%2C que morreu eletrocutado empurrando carro alegórico em Nova Iguaçu%2C Tatiane Neiva denunciou demora no atendimento do Samu, ao lado do secretário de Defesa Civil, Luiz AntunesFabio Gonçalves / Agência O Dia

Trio esbarrou em fio de alta tensão

A Escola de Samba Palmeirinha deveria ter desfilado no domingo, porém, com a medida, saiu na via nesta madrugada. Ela seria a quarta agremiação do Grupo A a desfilar na segunda-feira. O acidente ocorreu por volta de 0h30: o trio empurrava o carro, na área de armação, quando a ponta do cocar do carro, que falava de espiritualidade, atingiu os fios de alta tensão. O caso é investigado pela 52ª DP(Nova Iguaçu).

Segundo a secretaria de Cultura de Nova Iguaçu, as famílias das vítimas do acidente estão recebendo o apoio necessário dos órgãos competentes. Todas as decisões sobre os desfiles das escolas dos grupos A e B de Nova Iguaçu estão sendo tomadas pela comissão de carnaval e deverão ser comunicadas a todos o mais breve possível. 

O caso é investigado pela 52ª DP(Nova Iguaçu). Uma perícia técnica está sendo conduzida no local para apurar em detalhes, a forma como aconteceu e o que proporcionou o acidente.

O Carnaval da via Light teria quatro dias de desfile oficial. Na 'Sapucalight' - como é conhecido o desfile - iguaçuana, são 500 metros de avenida, sendo 275 metros utilizados para o desfile, com área de armação, concentração, dispersão e recuo de bateria. Além de arquibancadas para um público de 6 mil foliões em toda a extensão da avenida. Os desfiles começam na Rua Professor Paris e terminam na Rua Coronel Francisco Soares.

O desfile contava com 11 escolas de samba do Grupo A, cinco escolas do Grupo B (que desfilaram no sábado). Três blocos e dois Afoxés. 

Colaborou Lucas Gayoso




Você pode gostar