Por nicolas.satriano

Rio - Um drama que já extrapolou todos os limites. Assim a consultora de moda Claudia Fernanda Holanda de Souza, de 45 anos, definiu seus últimos 30 dias. Tudo por causa de uma briga judicial pela posse da guarda de sua filha de 14 anos, fruto de um relacionamento com o engenheiro americano Timothy Alan Willians, que conquistou em janeiro a guarda da menina.

Cláudia e a filha hoje vivem escondidas, com medo de que a garota seja extraditada para os Estados Unidos, conforme a Justiça brasileira determinou. Lá vive o pai, com quem a menor nunca morou. Ela diz não ter contato com ele desde 2008.

Claudia Holanda está escondida para não ter de entregar a filha para seu ex-marido%2C Timothy WilliansDivulgação

A jovem postou no início do mês um vídeo no YouTube contando parte da história. Matriculada no Colégio Franco-Brasileiro, em Laranjeiras, a menina sempre tirou ótimas notas, e pratica judô, surfe, além de tocar violão e guitarra. Mas, segundo a psicóloga forense Glícia Brazil não teria condições psicológicas para decidir seu próprio destino.

“A psicóloga acusou minha mãe de fazer alienação parental e disse que tenho problemas psicológicos graves, que sou doida. É muito chato ninguém querer saber o que eu sinto” disse a menina. Ela reiterou que pretende ficar no Brasil com a mãe e criticou a decisão da Justiça, que não levou em conta sua vontade.

“Que Justiça é essa que acha melhor eu morar com alguém que eu nunca convivi direito, o meu pai, em vez de ficar com a minha mãe, que sempre esteve do meu lado? E que pai é esse que diz que se importa comigo?”, desabafou.

Claudia aceitou falar ao DIA com a condição de não ter seu domicílio revelado e, aos prantos, disse não saber mais de onde tirar forças para continuar com a filha.

“O pai entrou com um processo nos EUA à minha revelia, e agora quer tirar ela de mim. Ela vai morar com alguém que não conhece até virar uma estatística, ou até que algo de ruim aconteça?”, protestou Claudia.

Psiquiatra diz que garota está bem

Preocupada com a decisão judicial e com o laudo da psicóloga forense que atestou alienação parental grave, Claudia Holanda recorreu a um psiquiatra particular renomado, Marcelo Piquet Carneiro Pessoa dos Santos, para que fizesse sua avaliação à parte.

Procurado pelo DIA, Marcelo Piquet Carneiro garantiu que tanto a menina quanto Cláudia não têm qualquer tipo de problemas psiquiátricos e que não há nada que indique ter havido alienação parental entre as partes.

“Conheci a mãe há muito tempo, numa situação em que ela estava ajudando uma outra pessoa. E a filha não tem absolutamente nada, ou melhor, tem uma situação depressiva muito leve, comum a qualquer adolescente. É absolutamente normal. Já dei vários laudos mostrando isso e considero esta situação um absurdo”, disse Piquet Carneiro.

O DIA tentou insistentemente contato com o advogado de Timothy Willians nos últimos dias, mas ele não retornou as ligações.

Caso é polêmico, mas tudo está dentro da legislação, segundo advogado

Especialista em Direito de Família, o advogado Bernardo Garcia analisou o caso a pedido do DIA e disse que a juíza Monica Poppe de Figueiredo Fabião, que determinou a inversão da guarda, está dentro da lei. O que não quer dizer, necessariamente, que esteja sendo feita justiça.

“Casos de alienação parental são muito complicados. Sem querer entrar no mérito de a decisão judicial estar certa ou errada, o fato é que a lei me parece estar sendo cumprida. Mas há vários questionamentos que são feitos. Será que tirar a criança do convívio social para morar com o pai é a melhor saída?”, questiona Bernardo Garcia.

O advogado, no entanto, diz que há especialistas que admitem, sim, que esta solução é a mais indicada.

“Há quem diga que o remédio é amargo, mas necessário, pois privar um filho do convívio de um dos pais pode ser muito prejudicial para a vida deste na idade adulta”, explica o advogado.

Em relação ao fato de a Justiça não levar em consideração a vontade da filha, Bernardo disse que a decisão também está dentro da lei.

“Em caso de alienação parental, um dos pais tenta tirar o outro da cabeça da criança e tudo o que o genitor diz acaba virando uma verdade absoluta para a criança. Assim, o depoimento do filho perde em muito o seu valor jurídico”, prosseguiu.

O que pode ajudar, nesses casos, são depoimentos de pessoas do convívio social tanto de Cláudia quanto da menina, como colegas de turma, professores e demais laudos que atestem que não há desequilíbrio psicológico entre mãe e filha.

“Ainda assim é uma questão complexa. Esta lei é nova (de 2010) ainda muito controversa. São casos de difícil solução”, disse Bernardo.



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