Por nicolas.satriano

Rio - Por cerca de uma hora os pais de Alan de Souza Lima, de 15 anos, morto durante uma ação policial na Favela da Palmeirinha, em Honório Gurgel, Zona Norte do Rio, prestaram depoimento, nesta terça-feira, na 30ª DP (Marechal Hermes).

Ao deixar a delegacia, a mãe de Alan comentou - emocionada - a perda do filho: "Antes de morrer ele (Alan) deixou a defesa dele. O menino não estava armado e não tinha envolvimento com nada". 

Já o pai, Francisco de Assis Vicente de Lima, também falou da dor e voltou a afirmar na inocência do jovem: "O que eu perdi foi uma parte da minha vida. Ele estudava, trabalhava e ia à missão na igreja". 

Também nesta terça-feira, mais cedo, o secretário Estadual de Segurança, José Mariano Beltrame, disse que os policiais envolvidos diretamente na operação podem ser expulsos.

Segundo Beltrame, diante das imagens gravadas pelo jovem antes de morrer e relatos de testemunhas, a única opção seria a expulsão dos envolvidos. "Possívelmente serão expulsos. As fotos são fotos bastantes ilustrativas e eu acho que não restaria outra alternativa senão a rua", sentenciou.

PMs de ação com morte de jovem na Palmeirinha podem ser expulsos, diz Beltrame

Jovem mostra curativo de ferimento provocado por bala em dia de operação da PM na PalmeirinhaSeverino Silva / Agência O Dia

Polícia ouve PMs suspeitos de atirarem em jovens na Palmeirinha

Os nove policiais militares envolvidos na morte do jovem Alan Souza Lima, começaram ouvidos a partir desta segunda-feira pela Polícia Civil.

Mais dois adolescentes que estavam com a Alan também foram baleados. Eles chegaram a filmar parte da operação da PM na comunidade, até o momento em que foram atingidos. O jovem Chauan Jambre Cezário, de 19 anos, levou um tiro no peito, mas conseguiu sobreviver.

No dia, a PM alegou que os jovens estavam no meio do confronto e acabaram sendo baleados. No entanto, o vídeo gravado por eles e os próprios relatos das testemunhas desmentem a versão dos policiais.

As imagens gravadas no celular de Alan mostram os seus dois amigos em uma bicicleta e o momento em que eles ouvem tiros e começam a correr. A gravação chegou a registrar ainda eles caídos no chão, depois de serem baleados, e os gemidos das vítimas.

Na última quinta-feira, Chauan Jambre Cezário prestou depoimento na 30ª DP (Marechal Hermes). "Nasci de novo. O maior presente que eu ganhei é a vida. Sobrevivi a um tiro próximo do coração. Marquei de chamar os amigos para comemorar num sítio meu aniversário", disse Chauan, que completou 20 anos no último sábado.

A delegada que investiga o caso, Adriana Belém, da 30ª DP (Marechal Hermes) vai ouvir oito praças e um oficial da Polícia Militar que participaram da operação policial na Palmeirinha.

De acordo com a delegada, dois policiais assumiram que efetuaram disparos durante a operação, mas não souberam dizer se os tiros acertaram Alan. São eles o soldado Alan de Mila Monteiro e o Segundo Sargento Ricardo Wagner Gomes.


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