Por felipe.martins

Rio - A partir desta semana, 224 médicos brasileiros começam a dar expediente em postos de saúde de 34 municípios do Rio, dentro do programa Mais Médicos. As duas primeiras chamadas de profissionais do programa federal deste ano atingiram o recorde de 95% das vagas preenchidas. E a novidade é que os brasileiros desta vez são a esmagadora maioria.

Desde a sua implantação no Rio, no fim de 2013, 510 profissionais foram selecionados para atender 1,7 milhões de pessoas. Do total, apenas 65 eram brasileiros. Neste ano, uma mudança na lei do programa alterou o quadro no estado. O atrativo é um bônus em futuros processos de seleção para residência médica. Agora recém-formados que participem do programa poderão ganhar 10% em pontos nas provas.

224 médicos brasileiros chegam aos potos de saúde do Rio para programa Mais MédicosDivulgação

Para o diretor do Sindicato dos Médicos do Rio, Júlio Noronha, o Ministério da Saúde acertou na nova proposta para atrair mais profissionais do Brasil. “Era justamente o que os sindicatos pleiteavam. Agora sim o Ministério soube dar preferência aos brasileiros, concedendo o bônus para quem for fazer residência”, declarou Júlio, que acredita também na melhora do atendimento clínico.

“Vimos muitos casos dos cubanos que não sabiam formular receitas médicas. Com o brasileiro, isso é mais difícil acontecer porque os conselhos têm o controle e podem fiscalizar. Já com o estrangeiro não dá para ter controle”, completou.

Em 2013 e 2014, em todo o país, dos 14.462 médicos selecionados para projeto, 11.429 eram cubanos e apenas 1.846 brasileiros. Na edição de 2015, com o novo benefício do bônus para a residência, 92% das 4.146 vagas disponíveis, foram preenchidas por médicos nacionais.

Na semana que vem, haverá ainda uma última chamada para o programa deste ano. A preferência é para médicos formados no país. Depois vêm os brasileiros com diplomas no estrangeiro. E se ainda assim persistirem as vagas, o programa selecionará profissionais estrangeiros. No estado, ainda falta preencher 12 vagas, para os municípios de Nova Iguaçu, São João de Meriti, Belford Roxo, Itaperuna, São Francisco de Itabapoana, Queimados e Iguaba Grande.

O profissional do Mais Médicos recebe bolsa mensal de R$ 10 mil e pode optar por trabalhar em dois tipos de contrato. De três anos, com direito ao auxílio moradia e refeição. Ou de apenas um ano — este último, com os 10% de bônus para a residência médica.

Cubanos são maioria no Rio

Mesmo com a nova contratação de 224 médicos brasileiros, o Rio ainda possui em seu quadro do Mais Médicos, a maioria de cubanos, com 386 profissionais. Atualmente, eles estão espalhados principalmente pela Baixada Fluminense. No estado, ainda há 59 pessoas de outras nacionalidades, como a médica holandesa Michele Nysten.

Ela trabalha ao lado de outros seis profissionais estrangeiros em um posto de saúde em Japeri desde o ano passado. A experiência tem sido proveitosa, mas Michele defende que os próprios brasileiros devem cuidar de brasileiros.

“Acho maravilhoso ter mais médicos do Brasil no projeto, porque eles é que entendem do seu povo, e já conhecem como funciona o país. Para os estrangeiros, principalmente para nós da Europa, é um desafio trabalhar aqui. A logística é muito complicada”, declarou Michele.

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