Por felipe.martins

Rio - A Polícia Civil vai abrir inquérito para investigar como homicídio culposo (quando não há intenção de matar) a morte do menino Cauã Braga Pedrosa, de 9 anos. Ele morreu ontem de manhã quando brincava com colegas durante o recreio no pátio do Colégio Souza Marques, em Cascadura, Zona Norte. Um banco de concreto, com cerca de 200 kg, caiu sobre a cabeça da criança. Testemunhas contam que a tragédia aconteceu porque o banco estava com a base rachada e bambo.

Agentes da 28ª DP (Campinho) realizaram perícia e aguardam resultado do laudo cadavérico que vai apontar as lesões sofridas pela criança. A direção da escola se manifestou através de nota oficial, na qual lamentou a morte e informou que decretou luto, suspendendo as atividades na segunda-feira.
Na terça-feira, amigos do menino planejam estudar vestidos com camisas pretas para homenagear Cauã, que estudava no colégio desde 2013 e estava no quarto ano do ensino fundamental. O enterro será hoje, às 16h, no Cemitério de Irajá.

Menino morreu nesta sexta-feira em colégio da Zona Norte do Rioarquivo pessoal

“Minha vida acabou. Estou sem chão, sem filho. Ele era minha sombra, pois me ligava dez vezes num só dia. (Funcionários) Sabiam que as crianças pulavam e corriam em volta desse banco e que ele estava solto e com o pé quebrado. Foi uma imprudência absurda do colégio”, criticou o técnico de informática Ronaldo Pedrosa, de 42, que pretende processar a instituição de ensino."Cauã me fez voltar a ser criança, estava sempre comigo, fazíamos tudos juntos. Não sei o que vai ser de mim", completou o pai, emocionado.

Segundo duas amigas de Cauã, o grupo de alunos brincava de pique-pega, quando o menino se escondeu atrás de um banco.

“De repente o banco caiu sobre ele, que bateu com a cabeça no chão. O banco era muito pesado e ainda atingiu a cabeça dele. Jorrava sangue. Foi horrível. Ele vai fazer muita falta para nós”, afirmou uma estudante, da mesma idade, que esteve acompanhado da mãe na delegacia. Ela e outro estudante foram ouvidas por investigadores.

A delegada-assistente da 28ª DP (Campinho), Márcia Cristina Lopes, garantiu que vai apurar se o banco de concreto estava em local inapropriado e que vai ouvir a diretora da unidade.
“Não havia câmeras no pátio onde a criança se machucou. Será apurada a responsabilidade da escola”, afirmou

‘Não sabia que era o último beijo’

Os últimos momentos de Cauã com o pai foram de muita alegria. “Ele estava contente, o levei para conhecer a casa que aluguei em Muriqui (em Mangaratiba). Quando o deixei na casa da avó, às 22h, ganhei um beijo dele. Não sabia que era o último”, disse, emocionado, Ronaldo.

Banco de 200 kg caiu sobre criança. A foto em destaque mostra em detalhe base solta no piso do pátio e rachada. Divulgação

Tia do menino, Rejane Coutinho fez um alerta aos pais. “É importante sempre estar visitando a escola que o filho estuda e conhecer o lugar para ver se há algum risco”.

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