Por tabata.uchoa

Rio - Não vai ter para onde correr. No primeiro dia útil após o fechamento parcial de 1,6 quilômetro da Avenida Brasil para a continuidade das obras do BRT Transbrasil, a CET-Rio e especialistas preveem que os engarrafamentos devem gerar transtornos no Centro e até mesmo na Zona Sul, sobretudo na volta para casa. A prefeitura alerta que as rotas recomendadas como alternativas podem não ser capazes de suportar aumento de tráfego esperado.

Desde sábado%2C as obras na Brasil%2C do Caju a Manguinhos%2C foram ampliadas e o trecho com duas faixas e meia interditadas chega a 1%2C6 quilômetroJoão Laet / Agência O Dia

Desde sábado, a interdição inicial de duas faixas no sentido Zona Oeste e de meia pista para o Centro, que ocupava 350 metros na altura de Manguinhos, foi ampliada até a passarela 4, no Caju. O diretor de Operações da CET-Rio, Joaquim Dinis, diz que a prova de fogo será hoje. “O trânsito já ficou mais intenso com o fim do período de férias. A possibilidade de congestionamento é muito maior agora. Essa interdição é a mesma que estava sendo feita, desde janeiro, na altura do Canal do Cunha, com a diferença que o trecho fechado cresceu 1.300 metros. Ainda não estava dando problema, mas agora a obra se aproximou da descida da Ponte e do Gasômetro”, explica Dinis.

As seletivas serão mantidas e, das 15h às 21h (dias úteis), a pista de ônibus sentido Zona Oeste será instala em uma faixa reversível da direção Centro. Segundo Dinis, a retenção pode afetar, à tarde, o Centro e o túnel Rebouças. O Centro de Operações Rio também anunciou impactos na Ponte Rio-Niterói (sentido Rio), na região da rodoviária, Via Binário, avenidas Francisco Bicalho e Presidente Vargas e no túnel Santa Bárbara. O tráfego da já sobrecarregada Linha Vermelha pode se agravar. Na parte da manhã, a Brasil tende a ficar complicada para o Centro.

“O ideal é utilizar o transporte público, mas quem não pode deixar de ir de carro, recomendamos a Linha Vermelha ou vias internas, como a Rua Leopoldo Bulhões e a Avenida Dom Helder Câmara, para chegar à Linha Amarela e à Zona Oeste”, acrescenta Dinis.

Para o professor de Engenharia de Transportes da Uerj, Alexandre Rojas, os reflexos serão maiores, podendo se estender, segundo ele, à Lagoa e ao Túnel Zuzu Angel. “O fim do dia será caótico, porque as vias alternativas não têm capacidade. O tempo de viagem na Avenida Brasil pode dobrar”, diz ele. “A Zona Sul provavelmente vai ser atingida, mas espero que eles tenham caprichado nas soluções para não impactar muito”, estima Paulo Cezar Ribeiro, engenheiro de Transportes da UFRJ.

Trânsito deve piorar a partir de segunda com impactos no Centro e até na Zona SulAgência O Dia

COMO RELAXAR NO ENGARRAFAMENTO

Psicóloga ensina que técnica de hipnose pode ajudar a enfrentar o trânsito

“Pense que, como tudo na vida passa, esse momento turbulento também vai passar”. A dica para enfrentar os congestionamentos com menos estresse é da psicóloga Miriam Pontes de Farias. Ela sugere uma técnica de hipnose que diz surtir efeito rápido para quem estiver entediado no trânsito. “Inspire, contraia os ombros, segure por uns segundos e depois solte a respiração e os ombros juntos. Repita quantas vezes achar necessário.” Para evitar imprevistos, o engenheiro de automóveis Murilo Pilotto lembra que os motoristas devem checar se o eletroventilador do radiador está funcionando antes de sair, além dos níveis de água e combustível. Se o carro ferver, o correto é esperar o motor resfriar.

BPVE promete reforço para prevenir arrastões

O Batalhão de Policiamento de Vias Expressas (BPVE) vai reforçar a segurança na Avenida Brasil para prevenir assaltos e arrastões durante os congestionamentos.

Segundo o comandante substituto do BPVE, major Jeferson Bartalo, quatro viaturas serão destinadas exclusivamente ao trecho das obras, duas a mais do que antes. “Da Dutra até o Gasômetro, a Avenida Brasil passa a contar com dez viaturas do BPVE, além do policiamento dos batalhões de cada área”, diz Bartalo. No entanto, o número de roubos de veículos na Avenida Brasil vem caindo e passou de 29, em janeiro de 2014, para dez no mesmo mês deste ano.

Para dar conta da maior demanda no transporte público com a piora do trânsito, caso necessário, a SuperVia informou que colocará trens extras e o MetrôRio pode ampliar a operação de horário de pico (6h às 10h e 16h às 20h). A CCR Barcas informou que colocará barcas maiores (2 mil lugares) para reforçar a linha Cocotá (Ilha do Governador) - Praça 15. A previsão é de que as obras do trecho do BRT, do Caju a Deodoro, sejam concluídas até o fim de 2016.

Políticas seguem na contramão

Apesar de a prefeitura recomendar o uso do transporte público, ações da gestão orçamentária estadual estimulam o efeito contrário. Como O DIA noticiou ontem, todos os ônibus do Rio perderam, neste ano, a redução de 50% que tinham no IPVA em 2014 e voltaram a pagar 2%, em vez de 1%. Só no ano passado, as empresas tiveram custos de R$ 37,6 milhões com o tributo, que, segundo a Fetranspor, pesa 0,82% sobre a passagem. O desconto foi suspenso devido à queda na arrecadação.

Além disso, nos últimos 14 meses, órgãos estaduais gastaram R$ 12 milhões só com estacionamento de carros de funcionários do governo no Centro. O governo informou, no entanto, que a Comissão de Planejamento Orçamentário e Financiamento já determinou que todas as secretarias e órgãos reduzam seus contratos, incluindo os de locação de vagas.

O IPVA cobrado sobre os ônibus (2%) é maior do que a taxa incidente para táxis de pessoas jurídicas (1%) e para carros de locadora (0,5%). Alguns veículos, como táxis de autônomos, são isentos. Além disso, na semana passada, o governo anunciou o corte do subsídio para quem paga o metrô com o Bilhete Único, que vai encarecer a passagem em R$ 0,30.

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