Rio - A bancada do PSOL usou o plenário da Câmara Municipal do Rio para denunciar, nesta terça-feira, abusos cometidos durante a greve do garis, que já está no quinto dia. Fotos e vídeos exibidos pelo vereador Babá mostram crianças em filas para trabalhar como garis e menores de idade gesticulando as iniciais de facções criminosas em caminhões de lixo da Comlurb. O PSOL, então, protocolou requerimento à mesa diretora da Casa para que o presidente da Comlurb, Vinícius Roriz, vá à Câmara para falar sobre a greve e prestar esclarecimentos sobre agressão a um dos assessorires do vereador.
Num dos vídeos apresentados, uma mulher assume, em depoimento gravado pela assessoria do vereador, ter recebido R$100 para trabalhar como gari durante um dia, sem nunca ter passado por treinamento.
De acordo com o parlamentar, o chefe de gabinete, Marco Antônio Costa foi agredido por cinco pessoas em frente à gerência da Comlurb no Estácio, no último domingo. O material exibido ao plenário da Casa também mostrava um vídeo de um menor trabalhando na gerência regional da Comlurb no Méier.
A assessoria jurídica de Babá garante ter entregado as imagens ao Ministério Público do Trabalho (MPT), além de ter protocolado denúncia. O órgão nega, mas diz ter aberto procedimento para começar a apurar irregularidades na contratação.
“Falaram para gente tomar cuidado para não se machucar”, diz uma das moças que diz ter sido contratada irregularmente em um dos vídeos. Fotos também apresentaram outras mulheres recolhendo o lixo sem a proteção adequada. Babá condenou as condições de trabalho apresentadas. “Estão sem proteção nenhuma, têm risco de pegar uma doença grave”.
Morador de rua recolhe lixo e diz receber comida em troca de trabalho
Identificado como Oséas Pereira, um morador de rua, sem uniforme da Comlurb, mas com uma pá e um carrinho da empresa municipal, catava lixo numa das principais vias no Centro do Rio.
Imediatamente, o grupo de aproximadamente 200 garis que protestava na região central cercou o homem e questionou por que ele estava fazendo a limpeza e se havia recebido algum dinheiro da Comlurb pelo trabalho. Oséas negou ter recebido qualquer quantia e disse que recolhia o material para si próprio, pois não queria que a cidade ficasse suja, porém, após ser pressionado, o homem acabou declarando: "Eles me dão comida para eu fazer isso".
Os garis tentaram tirar o carrinho e a pá das mãos do morador de rua, mas ele conseguiu sair correndo com os objetos do local.