Rio - Representante da comissão de negociação da campanha salarial 2015 dos garis do município do Rio, Bruno Coelho de Lima acusou nesta terça-feira a Comlurb de não respeitar o direito de greve da categoria e de empregar crianças e usuários de crack no trabalho de limpeza urbana da cidade. A denúncia foi feita durante a manifestação que ocorre na Avenida Presidente Vargas em direção a prefeitura do Rio, na Cidade Nova.
"Em uma gerência no Méier, na Rua Rio Grande do Sul, 26, ontem tinham seis crianças trabalhando. A gente chamou o Conselho Tutelar e a polícia. O Conselho Tutelar entrou em uma sala junto com a Comlurb e o policial, demoraram 15 minutos, rodaram a gerência e não pediram nenhuma documentação a essas crianças", disse Bruno.
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Segundo ele, quatro seguranças da TRB, que seria uma empresa terceirizada responsável por fazer o transporte privado da Comlurb, expulsaram todos do local. "Eles estavam armados. Os trabalhadores saíram correndo. O Conselho Tutelar não fez nada, se omitiu. Depois nós encaminhamos ao Conselho Tutelar as testemunhas e os advogados para denunciar o que aconteceu. Tem um registro policial da denúncia das crianças trabalhando. O direito do trabalhador está sendo cerceado pelo prefeito", declarou o representante da categoria.
Para ele, "a Comlurb e o prefeito não estão respeitando o direito de greve" dos trabalhadores. "A Comlurb não está respeitando um direito constitucional, que é o direito de greve da categoria. Ela está substituindo grevista por diarista. Esse diarista não tem nenhum tipo de contrato, não tem nenhum tipo de segurança trabalhista, previdenciária e assistencial. Eles estão pagando um dinheiro à vista. Eles não estão dando recibo. Não há nada que comprove como sai e de onde vem este dinheiro", declarou.
Bruno nega que garis grevistas estejam realizando piquetes armados. "Eles estão denunciando que os trabalhadores estão andando armado. Isso é uma calúnia, não tem trabalhador armado. Nossos piquetes são piquetes de convencimento, são piquetes de convencer os trabalhadores a não trabalharem", afirma.
Ainda de acordo com o representante dos garis, o percentual exigido de trabalhadores nas ruas está sendo cumprido, embora a Comlurb diga que não. "A gente tem o percentual que eles pediram trabalhando e a gente mantém a greve naquilo que a gente apresentou. A gente está lutando para ser respeitado, por melhores condições de trabalho, melhores condições de salário, só que essas denúncias que estão sendo apresentadas contra os trabalhadores são denúncias muito sérias. Nós não somos bandidos. Somos trabalhadores que mantém a cidade do Rio de Janeiro limpa", falou Bruno.
A reportagem aguarda posicionamento da Comlurb e do Conselho Tutelar sobre as declarações.